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França-Angola. Uma relação para o futuro

Agostinho Rodrigues
3/3/2023
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Foto:
DR

Emanuel Macron faz-se acompanhar de uma comitiva de mais de 50 empresários e perto mais de 70 empresas francesas.

O Presidente francês chega hoje a Luanda para uma visita cuja agenda reserva encontro com o seu homologo João Lourenço, um fórum económico França-Angola, no sector agrícola e agro-alimentar, entre outras actividades.  

A presença económica da França é considerada importante em Angola, sendo um dos maior investidores estrangeiro e dos principais empregadores privados dopaís.

Em 2020, a balança comercial França/Angola permaneceu deficitária, tendo-se deteriorado em 24%, uma quebra de 246 milhões de euros.

A recessão prolongada pela crise da Covid-19 é tida como um dos principais factores que contribuiram para o enfraquecimento das exportações para este país, enquanto as importações apenas diminuíram ligeiramente em valor.

Ainda em relação às trocas comerciais entre os dois países, as exportações de França para Angola saldaram-se em 194,9 milhões de euros, enquanto que a tendência desde 2016 tinha sido relativamente estável.
As importações francesas de Angola, historicamente compostas quase inteiramente de hidrocarbonetos, atingiram 440,5 milhões de euros em 2020, 3% menos do que em 2019.

A quota de mercado da França nas importações de Angola no primeiro semestre de 2020 é de 3,4%, o que está de acordo com a média observada nos anos anteriores, com excepção de 2019 (12,6%).

Nos primeiros nove meses de 2021, as exportações para Angola quase voltaram ao nível pré-pandémico de 178,2 milhões de euros, um aumento de 26,4% em relação ao mesmo período em 2020. A balança comercial torna-se um excedente para a França de 70,2 milhões de euros devido à divisão por três das importações de petróleo bruto de Angola (as nossas importações totais ascenderam a 108,0 milhões de euros, uma queda de 73,3% em comparação com o mesmo período em 2020).

Os investimentos franceses em Angola são relevantes, tornando o país no terceiro maior beneficiário em África, depois de Marrocos e da Nigéria. Contudo, são historicamente muito concentrados e um dos objectivos da política francesa em Angola é a diversificação.

Posição de força

A França é o segundo maior investidor estrangeiro em Angola, depois dos Estados Unidos, principalmente devido aos investimentos feitos pela Total Energies, principal operador do país com mais de 40% da produção nacional de petróleo.

De acordo com os dados do Banque de France, o stock de IDE francês em Angola, depois de atingir um pico de 9,3 mil milhões de euros em 2015, ainda representava 7,5 mil milhões de euros em 2018.

Uma supermacia  

Pesquisas da Economia & Mercado apontam para a existência de mais de 60 filiais de empresas francesas e um comjunto de empresas angolanas, criadas localmente por franceses.

Indicam ainda os dados de que estas empresas são colectivamente um dos maiores empregadores estrangeiros depois de Portugal e da China. A actividade das filiais de empresas francesas está altamente concentrada no sector petrolífero - com Total Energies e Maurel & Prom - e no sector do para petróleo - com Prezioso, Technip, Friedlander, Ponticelli, Doris Engineering, Vallourec, Bourbon e muitas outras empresas.

Um “gigante”

O Grupo Castel, o maior produtor de cerveja do país, é um dos maiores empregadores privados com perto mais de 5 mil empregados, operando 7 fábricas de cerveja, uma fábrica de vidro e várias unidades de produção de bebidas.

Um terceiro sector bem representado é o dalogística: a Bolloré opera em toda a cadeia, a CMA-CGM é uma das principais companhias marítimas presentes em Angola e a Air France é uma das principais companhias aéreas que servem o país.

No sector da saúde, a SFEH tem um escritório de comercialização para equipamento hospitalar e Laborex distribui produtosfarmacêuticos para citar apenas estas. De empreas francesas não é tudo. Elas têm também presença no sector industrial no país, com destaque para três novos investimentos industriais inaugurados em 2019: a padaria industrial Dimapão em Viana, a misturadora de fertilizantes Solevo no Lobito e a fábrica de argamassa de construção St Gobain-Weber em Luanda.

Acordos

Durante a visita do ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros da França a Luanda, Jean-Yves Le Drian, no dia 1 de Março de 2018, foram assinados três acordos, nomedamente um acordo aéreo, rubricado há vários anos, que permite reforçar a presença da Air France; um acordo-quadro no domínio da agricultura, que resultará inicialmente no desenvolvimento de acções de formação e de apoio a determinados sectores; um acordo-quadro no sector do turismo, um sector embrionário onde a França pode intervir no domínio da formação e fornecer conhecimentos técnicos especializados (homologações, planos de desenvolvimento).

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