A empresária Isabel dos Santos tentou que a operadora de telefonia móvel, Unitel, de que é administradora, passasse a pagar-lhe os salários em dinheiro vivo, depois de ter visto os seus bens arrestados, no final do ano passado, pela justiça angolana, avança esta segunda-feira, 13, o Público.
De acordo com o jornal luso, a empresária, enquanto administradora da Unitel, tem direito a 14 salários por ano, de aproximadamente 50 mil dólares líquidos. Numa carta enviada à direcção de recursos humanos da operadora, em Abril, pediu que estes pagamentos passassem a ser feitos em dinheiro vivo.
O conselho de administração da Unitel, pelo que consta, rejeitou o pedido, uma decisão que levou Isabel dos Santos a ameaçar de abrir um processo judicial contra a operadora, argumentando a existência de incumprimento de contrato.
Recorde-se que em Dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo dos bens de Isabel dos Santos, de Sindika Dokolo, seu marido, e do gestor Mário Filipe Moreira Leite da Silva, na altura presidente do conselho de administração do Banco Fomento de Angola (BFA).
Foram também alvo de arresto nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais, entre as quais a Unitel, a cervejeira Sodiba, a Condis, detentora da rede de hipermercados Candando, a operadora de televisão Zap Media e a cimenteira Cimangola.
Em Janeiro deste ano, o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou também mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.