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Kota Angola, «mais velho sem juízo»

Ladislau Neves Francisco
11/11/2021
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Mais um 11 de Novembro. Nesta data é incontornável pensar em todo caminho que já fizemos enquanto país, livre e autónomo que somos.

Cumprimos com os desideratos dos que deram cara, corpo e  vida pela causa da independência? Somos o país que aqueles compatriotas sonharam quando sacrificaram-se por um bem maior?

São questões que nem mesmo eu que as faço, consigo responder. São profundas, são difíceis de responder pelo nível de subjectividade que carregam.

Procuro então encontrar outro caminho para perceber se os objectivos pelo qual os meus, os nossos,  lutaram e perderam a vida foram alcançados, e assim, olho para os já quase cinquenta, quarenta e seis para ser preciso, que este senhor Angola completou, e pergunto-lhe o que já fez com os seus quase cinquenta  e o que já conquistou? Já ao menos saíste da casa da velha? Questiono e surpreendo-me com as respostas.

É que o quase cinquentão começa por dizer que saiu sim da velha. E já saiu a algum tempo, mas todos os dias sente uma réstia de arrependimento.É  que mesmo tendo saído a bwes, até agora tem de recorrer a velha para responder as suas demandas. Seja de alimentação, seja de outros quinhentos. As vezes, até mesmo para ter algum(dinheiro) no bolso para sair com a namorada.

É que saiu da velha, fez tudo, inclusive o que não devia,mas não alcançou a auto-suficiência. Continua a depender da velha.

Os outros, contemporâneos, alguns da mesma idade, avançaram.Não tendo alcançado, estão mais próximos disso, mas ele não. E mais rico, é maior no que a porte diz respeito, mas é só isso mesmo. O potencial morre na falta de competência e foco.

Na abertura para falar e deixar falar, também não atingiu a maturidade. Vontade não falta, mas, o que leva para lá é o mesmo que abre portas para que todos possam falar dos seus podres, então, morre nesse conflicto de interesses que nada mais é senão, isso mesmo, um conflicto.

Outro problema do «kota» Angola, que completou 46 anos, é a capacidade para tirar proveito dos muitos números que tem. E isso sem falar dos outros problemas a muito ultrapassados por quase todos que conhece, dos mais próximos aos menos chegados. Trata-se da saúde, da educação, do transporte e das assimetrias.

Este «kota» Angola, cheio de frustrações e insucessos, é o nosso país. Um país que não atingiu o desiderato dos que deram cara, luta e vida pela sua independência. Um país que precisa de ti, de mim, de nós. Um pais que precisa de gente credível e políticos comprometidos com a causa do bem maior. Um país que não precisa de vaidosos que só sabem saquear e em vez de fazer aqui, vai admirar o belo que há lá fora.

Se não o fizermos, se não o ajudarmos, esse «kota» vai ser chamado «mais velho sem juízo».