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Mais de 40% da população infantil em Angola não foi vacina alerta Unicef

Redacção
21/4/2023
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Foto:
DR

O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta que em Angola 43% da população infantil não recebeu de vacina.

De acordo com o estudo, Angola lidera em disparidade da vacinação entre menores que vivem na cidade e no campo.

Segundo este relatório, 50% das crianças no meio rural nunca foram imunizadas.

O documento apresenta um alerta sobre a vacinação das crianças no mundo. Dos 55 países analisados, 52 tiveram queda na cobertura vacinal.

Como consequência, 67 milhões de crianças deixaram de ser imunizadas integralmente ou parcialmente nos últimos três anos. 

O especialista de pesquisa e análise política do relatório "Situação Mundial da Infância 2023: Vacinação Para Cada Criança", Juliano Diniz, diz que a perda de confiança na vacinação constitui um dos principais factores por trás da queda de cobertura.

“No Brasil 26% da população infantil não recebeu nenhuma dose de vacina em 2021, a confiança da população na importância das vacinas está em 89%", indica o estudo.

Zonas rurais mais afectadas em Angola

Juliano Diniz explica que boa parte das crianças que nuca foram vacinadas estão em zonas rurais, em áreas urbanas de maior pobreza e em áreas de conflito ou crise humanitária.

Sobre o contexto angolano, Diniz destaca a importância de estratégias focadas nas crianças que vivem fora das cidades.

“O caso de Angola merece destaque porque o número é bastante alarmante. 50% dessas crianças que não recebem nenhuma dose de vacina está no meio rural. O que nos indica que estratégias precisam ser desenhadas para que a gente possa atingir essas crianças. Se comparar por exemplo com Moçambique, apenas 11% dessas crianças está no meio rural.”, refere.   

O especialista da Unicef afirma que nos últimos 10 anos houve uma estagnação na imunização. No caso da América Latina, foi identificada uma queda de cobertura vacinal básica desde 2017, intensificada com a crise da COVID-19.   

Afirma ainda que, não basta recuperar as crianças que deixaram de ser vacinadas, devido aos impactos da pandemia nos sistemas de saúde, mas é necessário também trabalhar pela ampliação da demanda. Essa frente envolve conscientização e combate à desinformação por meio de engajamento com as comunidades.

Riscos sociais amplos

De acordo  o relatório, a falta de vacinação não representa um risco apenas para a saúde e para a vida das crianças. Os impactos sociais são muito mais amplos, afectando a capacidade de aprendizado e a renda das famílias.  

A diretora-executiva da Unicef, Catherine Russell, afirmou que doenças preveníveis como sarampo e difteria podem voltar a causar um número elevado de mortes, caso a confiança na vacinação de rotina se degrade ainda mais.

Russell lembrou que durante a crise da COVID-19, as vacinas foram desenvolvidas rapidamente e salvaram muitas vidas. No entanto, ela ressalta que o medo e a desinformação sobre todos os tipos de imunização estão  a “circular tão amplamente quanto o próprio vírus”.

Das 67 milhões de crianças que perderam a vacinação de rotina entre 2019 e 2021, 48 milhões não receberam uma única dose de imunização.