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Meta anuncia bloqueio de conteúdos pró-invasão em Brasília

Cláudio Gomes
9/1/2023
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Foto:
DR

A empresa detentora do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou que vai remover e bloquear conteúdos que defedem as invasões às sedes dos três Poderes da República Federativa do Brasil.

Os actos tiveram lugar no domingo, 8 de Janeiro, quando centenas de cidadãos que apoiam radicalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, "exilado" na Florida, Estados Unidos de América (EUA), invadiram a sede do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, alegando insatisfação pela eleição do actual presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com a BBC News.

Segundo um porta-voz da Meta, a empresa excluiu imediatamente postagens onde os internautas pedem "que as pessoas peguem em armas ou invadam à força o Congresso, o Palácio do Planalto e outros prédios federais", acrescentando que também estão a classificar os actos como violações, o que significa que remover conteúdos que apoie ou enalteça essas ações. "Estamos acompanhando a situação activamente e continuaremos excluindo conteúdo que viole nossas políticas", garantiu o porta-voz.

A invasão aos órgãos de soberania do Brasil teve lugar após convocações feitas com recurso as redes sociais, que utilizaram grupos criados nas pataformas de Dark Social como WhatsApp.

Em resposta aos actos que estão ser amplamente condendados pela comunidade internacional, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva decretou intervenção federal na área de Segurança Pública do Distrito Federal até 31 de mês em curso.

"Não existe precedente (para) o que essa gente fez e, por isso, essa gente terá que ser punida. Nós vamos inclusive descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília, e todos eles pagarão com a força da lei esse gesto de irresponsabilidade, esse gesto antidemocrático e esse gesto de vândalos e fascistas", declarou.

Exercito veta acesso à Polícia Militar

Efectivos da Polícia Militar do Distrito Federal (DF) foram impedidos de entrar no recinto para deter os invasores por efectivos do Exercito brasileiro abordos de veículos blindados.

Considerando que a capital da República está sob intervenção federal em todo o sistema de Segurança Pública, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) recebeu a ordem do Governo Federal para retirar o acampamento da área, ordem que não foi ainda cumprida visto que não se consegue entrar por ordem do Exercito, que alega ser da responsabilidade das Forças Armadas e que aguardava orientações do Ministério da Justiça.

Democracia brasileira

As conclusões do relatório Variações da Democracia (V-Dem), do instituto com mesmo nome, ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia, indica que o Brasil é o quarto país que mais se afastou da democracia em 2020 num ranking de 202 países analisados, conforme referência feita pela BBC News.

O documento publicado em Março de 2021, que é um importante instrumento usado por investidores e pesquisadores do mundo todo e do Brasil para definir prioridades de ações globalmente, dava conta que o Brasil registava, em 2021, uma pontuação de 0,51, uma queda de 0,28 em relação à medição de 2010, que ficou em 0,79, numa classificação onde 0 representa um regime ditatorial completo e 1, a democracia plena.

"Quase todos os indicadores que usamos mostram uma drástica queda do Brasil a partir de 2015. O único ponto em que o país não perdeu de lá pra cá foi em liberdade de associação", disse à BBC News Brasil o cientista político Staffan Lindberg, diretor do Instituto Variações da Democracia.

O índice é formulado a partir da contribuição de 3,5 mil pesquisadores e analistas, 85% deles vinculados a universidades ao redor do mundo.

Segundo a BBC News, o resultado de cada país advém da agregação estatística dos dados para 450 indicadores diferentes, que medem aspectos como o grau de liberdade do Judiciário e do Legislativo em relação ao Executivo, a liberdade de expressão da população, a disseminação de informações falsas por fontes oficiais, a repressão a manifestações da sociedade civil, a liberdade e independência de imprensa e a liberdade de oposição política.

A invasão aos órgãos centrais do poder no Brasil teve lugar quando centenas de militantes apoiadores do ex-presidente Bolsonaro ocuparam a Esplanada dos Ministérios, na área central de Brasília e invadiram, depredaram as instalações do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).