3
1
PATROCINADO

Moscovo ordena retirada das tropas russas em Kherson

Cláudio Gomes
10/11/2022
1
2
Foto:
DR

"Comecem a retirar", ordenou o ministro da Defesa da Rússia depois de ouvir explicações precisas de um comandante destacado no território, que o levaram a reconhecer as dificuldades de abastecimento.

Iniciada há 259 dias, a ordem de retira urgente das tropas russas destacadas na cidade de Kherson, região recentemente anexada pela Rússia mediante um referendo, aponta para uma nova fase do conflito com repercussões sociais, económica e políticas, de acordo com a imprensa internacional.

O governo ucraniano levanta, porém, reticências e interrogações sobre a decisão tornada público ontem, quarta-feira, 9, pelo ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, que após receber explicações precisas de comandante das Forças Armadas da Rússia na Ucrânia, Sergey Surovikin.

Consultado hoje, quinta-feira, 10, pela Economia & Mercado, o portal SIC Notícias informa que as forças russas destacadas no campo de guerra vão retirar-se pela esquerda da margem esquerda do rio Dniepre, do lado ocidental da cidade de Kherson, uma das quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia a 30 de Setembro, juntamente com Donetsk, Lugansk e Zaporíjia.

Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu

Segundo o comando russo, há suspeitas que as forças ucranianas estejam a “utilizar armas proibidas”, situação que também está na base decisão tendo alegando a estarem preocupados com a integridade das suas forças, segundo a agência de notícias russa (TASS). "Nas condições atuais, a cidade de Kherson (...) não pode ser totalmente abastecida. As vidas das pessoas estão constantemente em perigo por bombardeamentos. O inimigo [Ucrânia] está a atacar indiscriminadamente na cidade, possivelmente utilizando armas proibidas."

O portal SIC Notícias refere também que o governo ucraniano já reagiu a ordem de retirada das tropas da cidade supracitada, através de um conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky. Para o responsável, “é demasiado cedo” para falar em retirada, deixando patente que só será reconhecida quando for hasteada a bandeira da Ucrânia em Kherson. “As ações falam mais alto do que as palavras. Não temos sinais de que a Rússia recue em Kherson sem lutar”, disse, Mykhaylo Podolyak.

Informa igualmente que as autoridades pró-russas de Kherson terão admitido, esta semana, a superioridade numérica das forças ucranianas na região em relação às forças russas. "Apesar da superioridade numérica das forças armadas ucranianas", os soldados russos "repelem com sucesso todos os ataques", disse na altura o vice-governador Kirill Stremousov, que morreu hoje num acidente de trânsito.

Reação ucraniana

De acordo com a agência russa TASS, citada pelo TVI de Portugal, mais de 115 mil civis foram retirados de Kherson para o lado controlado por tropas russas, em consequência dos acesos combates que estão a ser travados entre as forças russas e ucranianas.

Contudo, reagindo a ordem dada ontem pelo ministro da Defesa da Rússia, dando conta da retirada urgente das forças destacadas na cidade mineira de Kherson, o porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia, Natalia Humeniuk, disse que a informação avançada pelo Kremlin tem de ser encarada “de forma crítica”, particularmente quando a fonte “é o exército e as autoridades políticas do país agressor”.

De acordo com a TVI, horas antes da ordem de retirada das forças russas da cidade de Kherson, informações veiculadas na frente de batalha davam conta que da destruição de pontes, visando atrasar o avanço das tropas ucranianas.

Citando repórteres militares russos, o órgão português informa que várias partes da região norte de Kherson teriam recebido ordem de retirada “após ataques massivos do inimigo”, no caso, as forças ucranianas, perto da localidade de Snihyrurivka.

No mesmo dia, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a revelar que "intensos combates" travados em diversos pontos da frente de batalha, com as forças ucranianas a conseguir avançar em diversas localidades.

Caso venha a se confirmar, avança a imprensa internacional, a decisão russa se consubstanciará como uma das maiores derrotas russas em território ucraniano, uma vez que terão de "deixar para trás" uma importante e das mais valiosas cidades anexadas desde o início da guerra.

A 24 de fevereiro, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma "operação militar especial" para defender as "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass - região mineira no leste da Ucrânia -, cuja independência tinha acabado de proclamar.