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O copo meio cheio

André Samuel
3/12/2023
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Foto:
DR

Editorial da Especial Transformação Digital.

Há uma parábola interessante sobre oportunidade de negócios, actual e oportuna. Uma empresa de sapatos mandou dois representantes para estudarem o mercado em um determinado país Africano. Embora estivessem em regiões diferentes, a realidade era a mesma, a população andava descalça.

No relatório final, o primeiro descreveu a situação como inviável, visto que o sapato não representava objecto de consumo para aqueles indivíduos. Já o segundo narrou nunca ter visto uma oportunidade tão grande para fazer negócio, visto que a base de consumidores seria enorme, justamente por não terem calçados.

Esta é a questão da visão do copo meio cheio, ou meio vazio. Assim acontece com os negócios digitais. A população adulta representa 18% do total, ou seja, pouco mais de 18 milhões de cidadãos entre 15 e 45 anos. Destes, 60% possuem um telemóvel, mas apenas 6% são usuários do serviço de pagamento móvel e 0,3% não têm telemóvel próprio, mas usam pagamentos móveis, segundo o FinScope Consumer Survey Angola 2022, um inquérito realizado a pedido do Banco Nacional de Angola (BNA).

A penetração de pagamentos móveis por localização é interessante, evidentemente que Luanda lidera (14%), mas a surpresa vem a seguir, pois Benguela e Huíla, apesar de serem as províncias mais populosas de acordo com o senso, perdem no uso do pagamento móvel para o Namibe (6%) e Zaire (5%). O esforço combinado entre o Estado e as empresas privadas do sector, no caso as fintechs, para alargar a base de usuários dos serviços financeiros digitais será a acção que determinará, não apenas a inclusão digital, mas o surgimento de novos negócios, aumento da produtividade, crescimento do mercado e consequentemente o desenvolvimento económico.

Os consumidores financeiramente incluídos tendem a combinar produtos e serviços financeiros para satisfazer as suas necessidades financeiras. O desafio para aumentar o nível de penetração dos serviços digitais, deve ser assumido por todos, inclusive os consumidores, pois o relato na primeira pessoa, tem mais impacto em relação à publicidade institucional.

A inclusão digital é uma responsabilidade de todos, os ganhos pelo uso contínuo destes serviços têm efeitos multiplicadores, pelo que compensa o esforço empreendido.