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O vírus que resfria a economia global

Sebastião Vemba
7/4/2020
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Foto:
DR

Ainda é cedo demais para calcular o impacto da pandemia da Covid-19 na economia global, mas os “espirros” desse mal já fazem estremecer alguns sectores, como são os casos do turismo e da aviação.

Em meados de Março último, quando a pandemia do Covid-19 já fustigava de forma violenta alguns países da Europa e os Estados Unidos América – que chegaram a cancelar os voos da Europa para o território americano –, e mais países africanos começaram a registar os primeiros casos, incluindo Angola, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) calculava que as companhias aéreas poderiam perder perto de 30 mil milhões de dólares este ano, devido ao impacto da doença que começou por afectar a China em Dezembro último.

A crise do novo coronavírus poderá causar a maior quebra no sector da aviação desde a crise financeira de 2008, segundo estimativas de especialistas, baseadas no grande número de cancelamento de viagens pelos passageiros. O cancelamento de voos está ligado a quebras noutras reservas, nomeadamente nos hotéis, e poderá haver um efeito dominó negativo no sector do turismo global, com maior incidência na Europa.

“Mais de dois milhões de turistas com origem em países fora da União Europeia não viajaram para cá nos últimos dois meses. E ainda não podemos calcular quantos milhões de pessoas cancelaram viagens por causa da crise em Itália. Não sabemos quantas companhias aéreas poderão falir, bem como muitas pequenas e médias empresas no sector hoteleiro”, afirmou István Ujhelyi, eurodeputado húngaro de centro-esquerda, citado pela Euronews.

No gigante asiático, que é tido como “fábrica do mundo”, a actividade industrial foi paralisada no pico da pandemia, ao mesmo tempo que vários países desaconselhavam os seus cidadãos a viajar para a China, vindo, mais tarde, a restringir a entrada de turistas saídos daquele país para se conter a disseminação da doença. Tal foi o caso de Angola, um dos principais parceiros económicos da China em África, mas que não pestanejou antes de aplicar essa medida restritiva.

Até início de Março, segundo dados da consultora Forward Keys, os voos internacionais para a China já tinham caído 55,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Especialistas do sector turístico do Reino Unido também temiam o impacto da redução de turistas chineses no país, considerando que, por ano, mais de 400 mil visitam o Reino Unido e gastam três vezes mais do que a média de turistas estrangeiros.

Os temores confirmaram-se e o impacto do Covid-19 alastrou-se para a economia global. Face à redução de reservas, as transportadoras aéreas adoptaram medidas como a implementação de licenças não remuneradas para a tripulação e o congelamento de aumentos salariais.

Entretanto, ao mesmo tempo que anunciavam cancelamentos temporários de rotas, registavam perdas do seu valor em bolsa devido à quebra do interesse dos investidores. A companhia aérea alemã Lufthansa, por exemplo, anunciou que reduziria a sua capacidade em até 50% nas semanas seguintes para enfrentar as consequências financeiras da crise.

No Brasil, as acções das principais companhias aéreas registaram forte queda devido ao temor com o coronavírus e a alta do dólar. A Latam, companhia aérea sediada em São Paulo, cancelou temporariamente os voos para Milão, em Itália, e permitiu a remarcação gratuita das passagens. Em Angola, a TAAG chegou a cancelar, temporariamente, a ligação entre Luanda e Porto, a cidade a norte de Portugal que apresentava a maior incidência da Covid-19 no principal parceiro económico de Angola na Europa. E, na última semana de Março, o país entrou em Estado de Emergência, que inclui o cancelamento de todos os voos.

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