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Os desafios do CFO num mundo em transição

André Afonso
7/10/2022
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Foto:
DR

Os CFO e os líderes financeiros deverão desempenhar um papel estratégico importante na aceleração da transformação da informação financeira e não financeira

O mundo enfrenta desafios significativos, desde a adaptação ao mundo global pós pandemia COVID-19, a instabilidade geopolítica, com impactos significativos nas cadeias de distribuição e nos mercados financeiros, até à abordagem às principais ameaças ambientais. A melhoria do relato financeiro e não financeiro desempenha um papel central na ajuda às organizações a navegar na turbulência e a construir um futuro sustentável. Os CFO e os líderes financeiros deverão desempenhar um papel estratégico importante na aceleração da transformação da informação financeira não financeira – construindo transparência no desempenho dos critérios ESG ao mesmo tempo que aumentam a confiança dos investidores e da comunidade.

O ritmo de mudança no relato financeiro e não financeiro das empresas é cada vez mais intenso, exercendo uma pressão significativa sobre os CFO e os líderes financeiros responsáveis pela sua preparação. Hoje em dia, à medida que o mundo enfrenta grandes desafios sociais como as alterações climáticas, é importante que a abordagem de comunicação do desempenho ambiental, social e de governança (ESG) das empresas evolua e ganhe a confiança das partes interessadas, de forma a permitir a compreensão de como uma determinada empresa cria valor a longo prazo e gera crescimento sustentável.

A exigência colocada aos CFO e aos líderes financeiros, na transformação e melhoria do âmbito e qualidade da informação financeira e não financeira, é o tema do “EY Global Corporate Reporting Survey”, que examina as perspectivas de mais de mil CFO e responsáveis financeiros.

Este estudo apresenta diversos pontos de vista relevantes de onde se destaca:

1 – Necessidade de um relato corporativo “com substância”.

A pandemia de COVID-19 actuou como um grande acelerador para o relato corporativo. Um modelo de capitalismo multi-stakeholder que pode beneficiar todas as partes interessadas – investidores, trabalhadores, consumidores, fornecedores e comunidades – é visto como importante para construir um mundo mais próspero e sustentável e enfrentar os desafios globais, desde as alterações climáticas à desigualdade.

Espera-se cada vez mais que o relato corporativo inclua divulgações melhoradas e materiais dos critérios ESG, permitindo demonstrar como uma organização está a gerar valor para toda a sua envolvente. As organizações e os seus líderes financeiros devem assim avançar rapidamente para satisfazer as expectativas crescentes das partes interessadas e articular uma narrativa coerente sobre como criam valor a longo prazo.

2 – “ESG expectation Gap”

Existe uma lacuna entre o que as empresas acreditam que a sua informação não financeira transmite e a sua utilidade face os pontos de vista dos investidores que a utilizam na sua tomada de decisões. Os investidores são mais propensos do que os CFO e os líderes financeiros a preocuparem-se com a utilidade e eficácia das divulgações de ESG das organizações, incluindo a sua materialidade e a falta de percepção da estratégia de valor a longo prazo.

3 – A sistematização internacional do relato de informação não financeira

Os líderes financeiros e os investidores concordam sobre a importância de aumentar o rigor dos relatórios ESG, introduzindo normas que são comuns ao relato financeiro. No entanto, são os investidores, enquanto utilizadores dessa informação, que são mais exigentes quanto à exigência de normas consistentes do que os líderes financeiros são enquanto preparadores. Enquanto 74% dos líderes financeiros inquiridos afirmaram que seria útil ligar a elaboração de relatórios sobre informação de desempenho do ESG a um conjunto de normas globalmente aceites, este valor sobe para 89% para os investidores.

Na COP26 foi anunciada a criação de um novo conselho - o International Sustainability Standards Boards (ISSB) - que será encarregue de criar um conjunto único de normas "para satisfazer as necessidades de informação dos investidores ".

Com base neste estudo da EY, há duas prioridades que podem ajudar a construir uma função financeira melhorada:

Prioridade 1: O futuro do trabalho, liderança colaborativa e talento

· Colaborar e construir relações para conduzir uma abordagem ESG coesa: Uma quantidade significativa de dados não financeiros ESG são propriedade de diferentes áreas da empresa, em vez de estar sob o controlo das finanças, envolvendo cooperação e colaboração entre as finanças e outros líderes e funções. Este papel colaborativo dos CFO e líderes financeiros, reunindo diferentes informações de toda a empresa num quadro coerente de informação, será fundamental para a melhoria da qualidade do relato.

· Talento e competências “à prova de futuro”: A investigação identificou a tecnologia e as competências em matéria de dados como importantes para o futuro da equipa financeira. Quando solicitado aos líderes financeiros que olhassem para o futuro nos próximos três anos e identificassem as competências que seriam importantes para o sucesso do pessoal financeiro nas suas funções, a "compreensão de tecnologias avançadas" e "análise de dados" emergiram como as duas principais áreas.

Prioridade 2: Análise e previsão avançada de dados

O estudo mostra que a capacidade analítica avançada é uma das principais prioridades dos líderes financeiros em termos dos seus investimentos tecnológicos ao longo dos próximos três anos. Esta capacidade é provavelmente importante para melhorar o relato financeiro, porque a análise avançada pode ajudar as organizações a estruturar, sintetizar, interpretar e derivar conhecimentos a partir de grandes volumes de dados e criar relatórios ESG credíveis e úteis.

Identificou-se ainda uma maior agilidade poderá ser alcançada se se passar da tradicional análise retrospectiva de dados e informações para abordagens mais avançadas, incluindo a análise preditiva e prescritiva. Contudo, a investigação observou que as funções financeiras também têm questões de dados fundamentais que devem ser ultrapassadas, tais como a falta de dados atempados e a ineficiente integração de dados.

O caso de Angola

Existem duas áreas para CFO e líderes financeiros nacionais que serão importantes à medida que a função financeira continue a evoluir de forma a fornecer as informações fiáveis e melhoradas que o seu negócio exige:

1. Como ponto de partida, devem avaliar a abordagem actual da sua organização à medição do desempenho da informação não financeira, para melhor compreenderem o que é material e como poderiam deslocar o foco para o que é verdadeiramente importante para a obtenção de valor a longo prazo.

2 - Assumir a liderança no avanço da agenda do ESG entre os pares. Para além de assegurar uma forte ligação entre informação financeira e não financeira e que a informação financeira é material, os CFO e os líderes financeiros nacionais devem ser proactivos e trabalhar com os CEO, COO, CSO e outros elementos chave da liderança das organizações, para fazer avançar uma agenda ESG e o desempenho da sustentabilidade como um objectivo estratégico importante. Isto inclui a ligação entre os critérios ESG e o valor a longo prazo, englobando tanto o crescimento estratégico como a gestão do risco.