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Privatizações. Futuro de 3000 trabalhadores continua incerto na ZEE

José Zangui
2/7/2019
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Foto:
DR

Mais de três mil trabalhadores das unidades instaladas na Zona Económica Especial Luanda/Bengo procuram juntos das entidades governamentais uma resposta sobre o seu futuro face as privatizações.

O presidente do Sindicato Democrático dos Trabalhadores da Indústria, Comércio e Serviço de Luanda (SINDETRAINDCOSL), Carlos Samuel Neto, denunciou, recentemente, em Luanda, estarem a ser abandalhados pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), entidade que está a conduzir o processo de privatizações e venda, da qual nunca terá recebido qualquer informação oficial sobre o futuro dos mais de 3.000 trabalhadores.

Carlos Neto diz ter solicitado encontro com as direcções das unidades da ZEE, o que acabou por se realizar no passado dia 22 de Junho, mas, para seu desespero, estas mostraram-se incapazes de resolver as preocupações levantadas relativamente a situação dos trabalhadores.

Da lista das inquietações, constam o futuro dos trabalhadores, o ajuste do salário face ao dólar, conforme atestam os contratos rubricados entre as partes, e a aquisição da matéria-prima para pôr a funcionaras fábricas.

No único encontro que o sindicato manteve com a Sonangol Investimentos Industriais (SIINDl) foram apresentadas as mesmas preocupações, tendo havido inclusivamente um acordo negocial. Mas, segundo refere Carlos Neto, dias depois a Sonangol recusou-se a assinar a acta do encontro, alegando já não ter competência para tratar das questões da ZEE sob a alegação destas estarem agora transferidas ao IGAPE.

Perante a indefinição, o sindicalista entende que o IGAPE não quer saber dos trabalhadores, justificando a sua afirmação com uma informação oficiosa que diz ter recebido de uma pessoa daquela instituição que confidenciou a posição do governo de indemnizar somente aqueles que os novos proprietários das fábricas dispensarem.

O presidente do SINDETRAINDCOSL discorda com a decisão da indemnização por considerar não resolver o problema. Considera que a medida contraria as promessas do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, que na sua campanha eleitoral prometeu criar 500 mil postos de trabalho.

A se concretizar os despedimentos, o sindicalista antevê um caos social, sendo que, segundo julga, “muitas famílias destes trabalhadores poderão enveredar para delinquência ou prostituição”.

Apesar do receio, os trabalhadores continuam a receber com regularidade os seus ordenados. Entretanto, calculam que o governo terá já acumulado uma dívida a volta dos mil milhões de kwanzas com o não ajuste do salário do kwanza para o dólar.

Desesperados com as voltas, o sindicato escreveu para o presidente da República, Assembleia Nacional e partidos políticos com assento no parlamento, estando a aguardar por algum pronunciamento favorável.

“Não temos uma informação oficial sobre o futuro dos trabalhadores, muitos dos quais formados com o dinheiro do Estado. Defendemos a manutenção dos empregos”, insistiu Carlos Neto.

Na Zona Económica Especial Luanda/Bengo estão instaladas 53 empresas, destas apenas 10 funcionam a meio gás, por falta de matéria-prima, as demais não funcionam.

A E&M contactou a administração do IGAPE, por intermédio de Júlio César Londa que prometeu, no entanto, pronunciar-se noutra ocasião.

O Estado justificou a medida, em diferentes ocasiões, coma necessidade de aumento da eficiência, produtividade e competitividade.