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Produção interna, resposta para controlar a inflação “galopante”

Cláudio Gomes
10/2/2024
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Foto:
DR

Governador do BNA acredita que a inflacção deverá ser controlada com o aumento substancial das capacidade internas de produção de bens essenciais de consumo.

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, salientou que a instituição já tomou medidas no sentido de conceder mais fôlego aos operadores e estimular a produção nacional sobretudo de bens alimentares através de créditos bonificados pela banca comercial.

Segundo o gestor, o Banco Central publicou, recentemente, uma nota circular no âmbito do Aviso 10 onde orienta as instituições bancárias para soluções de créditos a fim de apoiar os operadores do sector da agricultura, visando à preparação para a Campanha Agrícola 2024/2025.

“A resposta passa pelo aumento substancial da produção interna, particularmente, de bens alimentares”, vincou, ao dirigir-se para os jornalistas num encontro de apresentação da Evolução do mercado cambial e suas perspectivas para 2024, no seguimento da última Reunião do Comité de Política Monetária (CPM).

Para tal, explicou, os bancos comerciais deverão facilitar o acesso ao crédito com taxas de juro bonificadas e simplificadas para aquisição de equipamentos, insumos, fertilizantes, entre outros.

“Entendemos que, se resolvermos o problema da oferta de bens essenciais de consumo, poderemos, sim, resolver o problema da inflação no nosso País e, consequentemente, o Banco Central cumprir com a missão de estabilizar os preços”, perspectivou.  
Fotografia - DR

Inflação em 2023

De acordo com Manuel Tiago Dias, em 2023, por exemplo, a estabilização dos preços foi influenciada significativamente pela redução das receitas de exportação (28%), que impactou nas receitas de exportação do sector petrolífero (28,9%).

“Face à redução das receitas de exportação, o País teve menos disponibilidade de moeda estrangeira, o que originou uma redução de 37% no que diz respeito à moeda estrangeira. Com menos disponibilidade de moeda estrangeira, em função do regime cambial que adoptamos, observou-se, então, uma depreciação acumulada da moeda nacional no ano de 2023 na ordem dos 39%”, explicou.

Como consequência, reforçou, a economia teve que se ajustar particularmente no que diz respeito ao sector externo, provocando a redução das importações a um nível "bastante significativo”, com destaque para a redução de importação de bens alimentares (33%) e dos bens de consumo essenciais na ordem dos 45%.

“Face à menor oferta de bens alimentares, não compensada pela produção nacional, porque os dados preliminares apontam que a produção não-petrolífera terá crescido na ordem dos 2%, tivemos, então, uma inflação na ordem dos 20%”, frisou o governador do BNA.

No entanto, Manuel Tiago Dias referiu que, apesar do sucedido no ano passado, sobretudo nos meses de Maio e de Junho, o País continuou a ter disponibilidades de moeda estrangeira: “Reconhecemos, sim, que estas disponibilidades foram substancialmente inferiores às que tínhamos anteriormente”.

Por outro lado, aventou que as reservas internacionais hão-de se manter num "patamar relativamente alto", acima dos 14 mil milhões de dólares. "É importante fazer referência que não são as reservas internacionais que são usadas para importação de bens ou pagamento de serviços ao Estado", observou.

O evento contou com a presença de jornalistas nacionais e internacionais e foi presenciado pelos membros do Comité Executivo e do corpo directivo do BNA.