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Qualidade da obra dita colapso do Canal do Cafu

Fernando Baxi
8/2/2023
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Foto:
DR

O colapso das placas do Canal do Cafu, numa extensão de 20 metros dos 160 quilómetros, é consequência do incumprimento de três princípios fundamentais a ter em conta na edificação de obras públicas.

"A concepção de obras públicas estruturantes deve incluir técnicos nacionais independente e liberais; transparência na adjudicação e fiscalização responsável", afirmou o engenheiro civil, António Venâncio, em declarações à Economia & Mercado.

Se aqueles pressupostos fossem observados durante a edificação da maior parte das obras públicas de grande vulto, continuou António Venâncio, evitar-se-iam erros ocultos e vícios de construção. "O Canal do Cafu é só mais um dos vários exemplos de má qualidade das obras públicas executadas nas duas últimas décadas".          

A conclusão do engenheiro civil coincide com a do Grupo Parlamentar da UNITA que questiona a capacidade técnica dos empreiteiros, idoneidade dos fiscais da obra, assim como os critérios de certificação da qualidade do material empregue na construção da infra-estrutura que custou 44,3 mil milhões de Kwanzas.      

O colapso das placas do Canal do Cafu, em menos de um ano desde a inauguração (Abril de 2022), segundo os parlamentares do maior partido na oposição, é consequência da má qualidade da infra-estrutura construída pela Sinohydro, empresa chinesa de engenharia e construção hidroeléctrica também presente em Angola.

Face à situação, o Grupo Parlamentar da UNITA vai solicitar com urgência uma audição aos ministros da Energia e Águas (João Baptista Borges), da Construção e Obras Públicas (Carlos Alberto Gregório dos Santos) e à governadora provincial do Cunene, Gerdina Ulipame Didalelwa.

O Instituto Nacional de Recursos Hídricos do Ministério da Energia e Águas informou que uma equipa técnica formada pelos empreiteiros, fiscais e peritos do governo provincial do Cunene está a fazer o levantamento para a reposição das placas deslocadas em consequências das chuvas que caíram sobre Ondjiva nos últimos dias.

Inicialmente, a construção do Canal do Cafu estava a cargo da China Road Bridge Corporation, empresa que ganhou o concurso público. Mas, viu o contrato assinado em 2019 revogado "por imperativo de interesse público". O direito de implementação do projecto foi entregue (por adjudicação directa) à Sinohydro.

Em 2019, a Sinohydro foi afastada da construção do Lote B3 do Centro de Distribuição de Água do Bita (CD Bita), tendo transferido a posição contratual ao consórsio formado pelas empresas Degremon, Mota Engil e Soares da Costa.  

O Canal do Cafu foi projectado para beneficiar 235 mil habitantes, permitir o abastecimento de água a 250 mil cabeças de gado, irrigação de 15 mil hectares e garantir 3 275 empregos directos.