3
1
PATROCINADO

RDC escreve à Apple para cobrar explicações sobre uso de minerais “contrabandeados”

Victória Maviluka
25/4/2024
1
2
Foto:
DR

Documento foi enviado às duas subsidiárias da Apple em França e à empresa-mãe norte-americana, conhecida pelos telemóveis iPhone e pelos computadores Mac.

Um grupo de advogados mandatados por Kinshasa escreveu, esta semana, para a Apple acusando-a de patrocinar a “exploração ilegal” de minerais na República Democrática do Congo (RDC) através do uso, nos seus aparelhos, de matéria-prima proveniente de minas congolesas nas quais “inúmeros direitos humanos são violados”.

No documento, a que a France-Presse teve acesso, os causídicos alegam que os minerais, depois de extraídos ilegalmente da RDC, são transportados para fora do país e, em particular, para o Rwanda, onde a sua origem é ocultada.

“O Rwanda é um actor central na exploração ilegal de minerais e, em particular, na exploração de estanho e tântalo na RDC”, afirmam os advogados na missiva.

Reforçam que, após a sua extracção ilegal, estes minerais são contrabandeados para o Rwanda, onde são integrados nas cadeias de abastecimento globais.

O documento foi enviado às duas subsidiárias da Apple em França pelos advogados franceses William Bourdon e Vincent Brengarth, assim como uma carta à empresa-mãe norte-americana, conhecida pelos telemóveis iPhone e pelos computadores Mac.

A RDC tem inúmeros recursos naturais, sendo o maior produtor mundial de cobalto e o principal produtor africano de cobre, escreve a agência Lusa.

De acordo com um relatório publicado pela organização ONG The Enough Project em 2015, as minas congolesas “são, muitas vezes, controladas por grupos armados, que forçam, através da violência e do terror”, civis, incluindo crianças, a trabalharem nesses locais.

A República Democrática do Congo acusa o vizinho Rwanda de apoiar a rebelião do grupo armado M23, que controla actualmente grande parte da província do Kivu Norte, para assumir o controlo dos recursos, nomeadamente mineiros, do Leste congolês.