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Trabalhar sem limites: as profissões que ‘não gozam’ o feriado

Sebastião Garricha
2/5/2024
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Foto:
DR

A propósito do dia do trabalhador, que se celebra nesta quarta-feira, 1 de Maio, a Economia & Mercado traz depoimentos de vários profissionais que saíram de casa para cumprir suas jornadas laborais.

Quando muitos encaram o feriado como tempo privilegiado para descanso, outros, pela natureza das suas jornadas, têm de seguir ao trabalho. É o caso dos médicos, enfermeiros, efectivos da Polícia Nacional, das Forças Armadas Angolanas (FAA), dos funcionários de supermercados e muitos outros.

Numa ronda feita pela cidade de Luanda, a propósito do dia do trabalhador, que se celebra nesta quarta-feira, 1 de Maio, a Economia & Mercado (E&M) traz depoimentos de vários profissionais, alguns com certa carga de tristeza, outros com a satisfação de cumprimento de um dever patriótico.

Bernardo Ferreira, efectivo da Polícia Nacional de Angola, é o primeiro da lista. À E&M, o jovem de 39 anos não resmunga, mas lamenta o facto de não poder estar junto da família para celebrar o dia Internacional do Trabalhador.

“Tentei ficar acostumado, mas o lamento da minha esposa e do meu filho, principalmente, acabaram com a minha tentativa. Mas não temos muito que fazer, é o caminho que escolhi”, lamenta.

À semelhança daquele efectivo da PN, Lurdes Quissanga, de 31 anos, é outra que se vê ‘impedida’ de gozar o dia que a homenageia enquanto trabalhadora. “Até parece um paradoxo. Quer dizer, nem tenho direito de gozar o meu próprio dia. Mas são ossos do ofício, tenho que servir os que estão a gozar o feriado”, atira.

Casada e mãe de três filhos, Lourdes trabalha como balconista num dos supermercados instalados na cidade de Luanda. Com cinco anos de experiência, à E&M, conta que nem sempre recebe subsídios para trabalhar nos feriados.

“O subsídio é relâmpago. Já muitas vezes recebi alguma coisa, mas contam-se. Repito, são ossos deste ofício que eu mesmo escolhi, talvez pela dinâmica da vida que seguimos”, finaliza.

“Não temos escolhas, este é um dever patriótico”

Matumona David, de 40 anos, é médico. Trabalha há mais de cinco anos na função pública (Ministério da Saúde). Neste percurso, o antigo estudante da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto diz já ter perdido a conta dos feriados que se viu obrigado a seguir para o trabalho, sem repouso.

“Não temos escolhas, este é um dever patriótico. A saúde é um direito que devemos garantir aos angolanos, seja nos dias de feriados ou não. Esta é parte do juramento que fizemos”, atira.