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Turbulência financeira ameaça países em desenvolvimento, alerta Unctad

Redacção
19/4/2023
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Foto:
DR

O relatório enfatiza que, no início de 2023, a inflação de alimentos permanece elevada, apesar de uma queda na inflação geral.

Relatório aponta que expansão da economia de vários países ficará abaixo da registada antes da pandemia; alta das taxas de juros custa mais de 800 bilhões USD em receitas perdidas de nações em desenvolvimento; com desaceleração global, crescimento esperado é de 2,1%.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, divulgou na semana finda a atualização do Relatório de Comércio e Desenvolvimento.

O documento alerta que os países em desenvolvimento estão a enfrentar anos de dificuldades, à medida que a economia global desacelera em meio à turbulência financeira.

O levantamento da Unctad aponta que o crescimento anual em grandes partes da economia global ficará abaixo do desempenho registado antes da pandemia da COVID-19 e bem abaixo da década de forte crescimento antes da crise financeira global.

A agência da ONU estima que os aumentos das taxas de juros custarão aos países em desenvolvimento mais de 800 bilhões USD em receitas perdidas nos próximos anos.

A Unctad espera que o crescimento global em 2023seja de 2,1%, menor que a projecção de 2,2% em Setembro de 2022, assumindo queas consequências financeiras das taxas de juros mais altas estão contidas nascorridas aos bancos e resgates do primeiro trimestre.

Segundo o estudo, os países em desenvolvimentoenfrentam o efeito do aumento da dívida e taxas de juros, preços dos alimentose falta de liquidez suficiente.

Crise de desenvolvimento

Além disso, muitos países em desenvolvimentoenfrentam uma crise de cada vez mais profunda à medida que os níveis crescentesde dívida e os custos de serviço mais altos espremem o investimento produtivonos setores público e privado.

A Unctad constata que 81 economias emdesenvolvimento, excluindo a China, perderam 241 bilhões USD em reservasinternacionais em 2022, uma queda média de 7%, com mais de 20 países  a experimentarem uma queda de mais de 10%.

Enquanto isso, os custos dos empréstimos, medidospelos rendimentos dos títulos soberanos, aumentaram de 5,3% para 8,5% em 68mercados emergentes. No geral, a pressão dos credores externos sobre os paísesem desenvolvimento para reduzir os déficits fiscais deve aumentar.

Superendividamento

Segundo a Unctad, o superendividamento resultará em uma crise de desenvolvimento e desigualdades mais amplas. Ao todo, 39 países pagarão mais aos seus credores públicos externos do que receberam em novos empréstimos, causando um impacto adverso nos investimentos públicos e na protecção social.

Ao longo da última década, os custos do serviço da dívida aumentaram consistentemente em relação aos gastos públicos em serviços essenciais. O número de economias que gastam mais com o serviço da dívida pública externa do que com a saúde aumentou de 34 para 62 durante esse período.

A Unctad alerta que, mesmo que as condições financeiras se estabilizem, a desaceleração do crescimento econômico em muitos países em desenvolvimento, combinada com o fim da era do “dinheiro barato”, aponta para futuras endividamentos.

Preços elevados dos alimentos prejudicam países em desenvolvimento

De acordo com o relatório, lucros recordes para comerciantes de commodities agrícolas foram impulsionados pela incerteza econômica e pela volatilidade do mercado nos últimos quatro anos.

Margens de lucro excepcionalmente grandes levaram apreços mais altos, o que destaca a concentração do poder de mercado em sectores-chave.Nos países em desenvolvimento, a inflação dos alimentos continua alta, enquantoo impacto dos custos de energia varia de acordo com as regulamentações locais.

O relatório enfatiza que, no início de 2023, ainflação de alimentos permanece elevada, apesar de uma queda na inflação geral,com 25% a 62% do valor nominal impulsionado pela inflação de alimentos.

Revisão da dívida global

A Unctad recomenda uma revisão da arquitetura dadívida global, maior liquidez e regulamentações financeiras mais robustas paraapoiar países em desenvolvimento.

A agência pede o encerramento das brechas na reformafinanceira após a crise de 2007-09, a ampliação do escopo da supervisão sistêmicae uma regulamentação mais rigorosa das instituições bancárias paralelas.

A Unctad recomenda um mecanismo multilateral de liquidação dadívida, um registo de dados validados sobre transações de dívida de credores edevedores e análises aprimoradas de sustentabilidade da dívida que incorporemas necessidades de financiamento do desenvolvimento e do clima.