“Não vou fazer mais nenhum decreto para marcar outra data para as eleições. Já o fiz duas vezes”, afirmou Umaro Sissoco Embaló aos jornalistas, após uma cerimónia relativa ao Dia do Trabalhador, assinalado ontem, Segunda-feira, 1, na Presidência da República.
“Dia 4 vai haver eleições e que sejam ordeiras, transparentes”, disse o chefe de Estado guineense.
Umaro Sissoco Embaló dissolveu a Assembleia Nacional Popular, parlamento do país, em Maio de 2022 e marcou legislativas para 18 de Dezembro do mesmo ano, mas o Governo, após encontros com os partidos políticos, propôs que as eleições fossem adiadas para maio deste ano.
No entanto, o Presidente guineense acabou por marcar as legislativas para 4 de Junho.
“Não há nada que impeça as eleições no dia 4, porque é uma data consensual. Os partidos são livres de participar. A Guiné-Bissau não vai ser refém de ninguém e aquilo que se passou no dia 1 de Fevereiro não vai voltar a acontecer e qualquer coisa terá uma resposta adequada”, avisou Umaro Sissoco Embaló, acrescentando que a data das eleições foi determinada em conjunto com o Governo e os partidos com representação parlamentar.
A 1 de Fevereiro de 2022 um grupo de homens armados atacou o Palácio do Governo enquanto decorria uma reunião do Conselho de Ministros, em que participava também o Presidente guineense, bem como vários membros do Governo da Guiné-Bissau.
As autoridades guineenses qualificaram o ataque como uma tentativa de golpe de Estado, acusação defendida também pelo Ministério Público.
O ataque provocou a morte a 11 pessoas, segundo as autoridades.
“Se há eleições que vão decorrer de uma forma ordeira e pacífica são as de dia 4”, disse Umaro Sissoco Embaló, lembrando que marcou a data após ouvir os partidos com representação parlamentar, que representam a “voz do povo”.
Fontes ligadas ao processo eleitoral admitiram na semana passada que a Guiné-Bissau precisa de 3,5 milhões de dólares para viabilizar as eleições legislativas e aguarda que a comunidade internacional mobilize aquele valor.
Fontes do Governo guineense admitiram à Lusa a existência “desse défice”, mas lembraram “o esforço do país” que permitiu custear, até aqui, 70% de todo o financiamento estimado para a realização de eleições.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Governo da Guiné-Bissau assinaram em março o Projecto de Apoio ao Ciclos Eleitorais, para o período entre 2023 e 2025, no valor de5,3 milhões de euros.
As eleições legislativas da Guiné-Bissau estão orçadas em 7,9 mil milhões de francos cfa (cerca de 12 milhões de euros),segundo o ministro das Finanças guineense, Ilídio Té.
De acordo com o governante, até ao início de fevereiro, o Estado guineense já tinha disponibilizado 5,7 mil milhões de francos cfa (cerca de 8,6 milhões de euros).