3
1
PATROCINADO

A “riqueza” que nos empobrece

Sebastião Vemba
11/5/2023
1
2
Foto:
Carlos Aguiar

Em África, em geral, e em Angola, em particular, filhos é sinónimo de “riqueza”. Todos crescemos a ouvir isso dos nossos pais.

Foi com base nessa crença que muitos, de forma desenfreada, procriaram uma legião sem, no mínimo, pensar na sua capacidade de formá-los e educá-los para serem capazes de criar riqueza económica. Mais ainda, não conseguem proporcionar-lhes condições para serem capazes de viver fora do ninho parental. E mesmo quando ainda desconhecem o que é vida e como geri-la, os filhos, por sua vez, procriam os seus dependentes e limitam-se a aprender a sobreviver social e financeiramente, repetindo o ciclo vicioso da pobreza.

Sendo o continente que apresenta uma das maiores taxas de natalidade do mundo, a população africana, de acordo com estimativas de instituições especializadas, deverá duplicar, até 2050, de 1,3 bilhão para 2,5 bilhões de pessoas, o que representará, para os Governos, desafios hercúleos no que à melhoria das condições de vida diz respeito, na medida em que, na maior parte dos países, a oferta dos serviços fundamentais e de infra-estruturas está abaixo da taxa de crescimento populacional. Em outras palavras, a taxa de pobreza manter-se-á ascendente. No entanto, a educação é defendida como sendo o factor que “desencadeia a mudança nos papéis sociais tradicionais, muitas vezes determinados pela religião”, uma vez que as famílias tradicionais ainda pregam a ideia de que ter filhos é uma necessidade para garantir o sustento na velhice, para além do facto de as crianças serem necessárias para a mão-de-obra nas várias actividades informais desenvolvidas pelos progenitores.  

Tudo isso concorre para, como se pode ler mais à frente, que África represente apenas 1% do PIB mundial, de acordo com o mais recente relatório da ONU, World Economic Situation and Prospects Report 2023, que ainda indica que o continente participa com apenas 2% das transacções comerciais que acontecem no mundo. E mais: pelo menos 260 milhões dos mais de 800 milhões de habitantes de África vivem com menos de um dólar por dia, abaixo do nível da pobreza definido pelo Banco Mundial.

Leia o artigo completo na edição de Maio, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

The "wealth" that impoverishes us

In Africa, in general, and in Angola, in particular, having children is synonymous with "wealth". We all grew up hearing that from our parents. And it was based on this belief that many people, in an uncontrolled way, had a legion of children without even thinking about their ability to educate and train them to create economic wealth. Furthermore, they cannot provide them with conditions to be able to live independently from their parents. Even when they still do not know what life is and how to manage it, their children, in turn, have their own dependents and limit themselves to learning how to survive, socially and financially, thereby perpetuating the vicious cycle of poverty.

As the continent with one of the highest birth rates in the world, the African population, according to estimates from specialized institutions, is expected to double by 2050, from 1.3 billion to 2.5 billion people, which will represent Herculean challenges for governments in improving living conditions, given that, in most countries, the provision of essential services and infrastructure is below the population growth rate. In other words, the poverty rate remains on the rise. However, education is advocated as the factor that "triggers change in traditional social roles, often determined by religion," since traditional families still preach the idea that having children is a necessity to ensure sustenance in old age, in addition to the fact that children are necessary for informal labor in various activities developed by parents.

All of this contributes to, as can be read further on, Africa representing only 1% of the world's GDP, according to the latest UN report, World Economic Situation and Prospects Report 2023, which also indicates that the continent participates in only 2% of commercial transactions that occur in the world. Moreover, at least 260 million of the more than 800 million inhabitants of Africa live on less than one dollar a day, below the poverty level defined by the World Bank.

Read the full article in the May issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).