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“Em 2019, o sector segurador cresceu acima da inflação”

António Nogueira e José Zangui
6/8/2020
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Foto:
Carlos Aguiar

Paulo Bracons é actualmente vice-presidente da Associação de Seguradoras de Angola (ASAN), com 31 anos de experiência no sector, repartidos entre Portugal e Angola.

Em Angola, onde trabalha há 15 anos, Paulo Bracons considera que um dos aspectos que devem ser melhorados com urgência prende-se com a necessidade de dotar os quadros de mais competências técnicas. A ASAN, consciente dessa realidade, aprovou e lançou um programa de formação em 2020 que, mesmo na actual situação de pandemia, está a funcionar em pleno. O também PCA da Fortaleza Seguros é licenciado e mestre em Economia, com Pós-Graduação em Gestão, entre outras formações ligadas ao sector financeiro.

Qual é o quadro que pode apresentar sobre o mercado de seguros no contexto actual da economia de Angola, agora também assolada pela Covid-19?

A actividade seguradora em qualquer país tem uma elevada correlação com a evolução da economia e com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Esta correlação é ainda mais acentuada quando o peso dos seguros Não Vida é dominante no contexto do sector segurador. É o caso de Angola, onde os ramos Não Vida representam aproximadamente 97% dos prémios de seguro processados. Com a pandemia, o que estamos a notar, ao nível do mercado, são decréscimos significativos, estagnação da receita das seguradoras em ramos de reduzida exposição a resseguro – automóvel, acidentes de trabalho, acidentes pessoais, viagens e saúde – e acréscimos significativo de receitas em ramos de elevada exposição a resseguro – incêndio e outros danos, responsabilidade civil e petroquímica –, que têm de ser pagos em divisas e cujos prémios crescem em volume, e não necessariamente em resultados.

O mercado segurador tem vindo a demonstrar um crescimento acentuado, com a existência, actualmente, de 24 seguradoras licenciadas e oito entidades gestoras de fundos de pensões. Hoje, qual é o contributo do sector para o PIB nacional?

Em 2019, o sector segurador cresceu acima da inflação (crescimento real), pela primeira vez em vários. Foram consideradas nesta amostra as seguintes seguradoras: Aliança Seguros, BIC Seguros, Bonws,Confiança, Ensa, Fidelidade, Fortaleza, Global, Liberty&Trevo, Nossa, Mundial, Protteja, Prudencial e Saham. Estas seguradoras consideradas na nossa amostra tinham uma quota de mercado em 2018 de 97,74%, de acordo com os dados publicados pela ARSEG. Estima-se que o contributo do sector para o PIB seja de aproximadamente 0,6%. Esta percentagem demonstra o enorme potencial que o sector tem para crescer, em especial nos seguros para particulares e em áreas de negócio como seja o ramo Vida, que ainda representa muito pouco no volume geral de negócios do sector, aproximadamente 3% dos prémios emitidos no sector segurador.

Havia a intenção de se retirar a licença à algumas operadoras. Esse passo foi concretizado? Que impacto teve no mercado?

Penso que essa pergunta devia ser respondida de melhor forma pela Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), que é o regulador do sector de seguros e fundos de pensões. Contudo, notamos que desde que o novo Conselho de Administração da ARSEG assumiu uma maior exigência e rigor por parte do regulador e isso é muito bem-vindo, para criar condições de competitividade salutar entre as seguradoras. Notamos também que o regulador actuou sobre os co-seguros obrigatórios (petrolífero, mineiro e aéreo), sendo estes riscos, em 2020, assumidos somente por oito seguradoras em regime deco-seguro liderado pela Ensa, conforme orientação da ARSEG.

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