Pedro Neto, secretário do Bureau Político do MPLA para os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, sublinha ser importante explorar-se, além da agricultura, outras variantes no modelo de inserção social de ex-militares, iniciado após a assinatura dos Acordos de Paz, em 2002, pelo Governo e a UNITA.
O general, com passagem pela diplomacia, descreve, em exclusivo à E&M, que o processo de reinserção de antigos militares, sobretudo provenientes das ex-FALA (Forças Armadas de Libertação de Angola), então braço armado do maior partido na oposição do País, foi “extremamente complicado”.
“Reinserir cidadãos que tinham uma actividade eminentemente militar e fazer a sua reinserção social, ou seja, trazidos para a vida normal, onde têm de desempenhar alguma actividade útil, depois de terem estado tanto tempo nas forças armadas, não foi um processo fácil”, relata.
Destaca a estrutura de reinserção social de militares criada pelo então Governo, liderado por José Eduardo dos Santos, momentos após a conquista da Paz, uma estrutura que considera estar a funcionar “quase que harmoniosamente”.
“Foram sendo inseridos todos aqueles militares que ainda tenham capacidade para levar a cabo uma actividade produtiva, e a sua principal reinserção, como não podia deixar de ser, continua a ser na actividade de campo, onde as cooperativas são a principal actividade desenvolvida pelo pessoal que é reinserido”, ressalta Pedro Neto.
Observa que, nos últimos anos, tem crescido uma tendência para a extensão deste programa para outros ramos de actividade de fácil adaptação para os ex-militares.
“Começam-se a encontrar outras variantes que não seja só a do campo, para que as actividades das associações e das cooperativas possam ser extensivas à pesca, possam ser extensivas a outras esferas de actividade que sejam mais rentáveis, para que os próprios reinseridos beneficiem desta actividade produtiva, melhorando a sua condição de vida”.
O antigo Chefe de Estado-Maior da Força Aérea Nacional admite que, não obstante os passos dados durante estes 22 anos de Paz, o processo de reinserção tem ainda margem para melhoria.
“Podemos dizer que é um processo ainda a melhorar. Não temos índices já muito positivos. Precisamos, sim, é que as associações se organizem, para que sejam atendidas não de forma individual, mas colectiva”, conclui o general que já presidiu à Federação Angolana de Futebol (FAF).