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Pressionados pela crise, pais angolanos querem ter cada vez menos filhos

Sebastião Garricha
19/3/2024
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Foto:
DR

Gabriel Lutonádio, de 43 anos, João Matoso, de 37, Henda Pelinganga, de 33, e Jorge Paulino, de 36, foram os cidadãos ouvidos pela E&M a propósito do dia do pai, que se celebra hoje, 19 de Março.

Sem desrespeitar o paradigma que dá vida à narrativa de que “filho é riqueza”, pais angolanos, à Economia & Mercado, revelam que, por causa da conjuntura económica do País, querem ter cada vez menos filhos.

Por exemplo, a propósito do dia do pai, a E&M ouviu quatro cidadãos nacionais, todos a residirem em Luanda, a capital do País. Trata-se de Gabriel Lutonádio, de 43 anos, João Matoso, de 37, Henda Pelinganga, de 33, e Jorge Paulino, de 36.

“Eu trabalho, mas admito que a vida não está fácil para ninguém. Antes de trazer um outro filho ao mundo, preciso pensar no que ele vai comer, vestir e onde vai estudar”, inicia Gabrile Lutonádio.

De 43 anos, Gabriel é pai de três filhos, todos em idade escolar. A trabalhar como contabilista sénior, à E&M, o cidadão não esconde o desejo de se tornar pai pela quarta via, mas a realidade social e económica do País fazem-no pensar ‘duas vezes’.

“Isso não é como no tempo dos nossos pais. É preciso fazer cálculos”, atira.

À semelhança de Gabriel, João Matoso é outro cidadão que não oculta a vontade de ver nos braços mais um filho, para fazer dupla com a pequena Marta, sua filha de cinco anos. 

João Matoso é técnico médio. À E&M revela que tem formação profissional em Hotelaria e Restauração, Culinária, Higiene e Segurança no Trabalho e Informática. Mas é como protecção física de uma das instituições financeiras bancárias instaladas no País que ganha o pão de cada dia.

“Filho não pode ser riqueza se não o ofereceres nada. Assim vou mesmo só pensar em aumentar mais uma pessoa em casa, sabendo do  salário que ganho?”, questiona o cidadão de 37 anos.

A visão é  reproduzida, também, por Jorge Paulino, que trabalha como motorista. De 34 anos, o cidadão residente no bairro da Petrangol, no Sambizanga, revela que sonhava com uma família composta por oito pessoas, a contar com a esposa e mais seis filhos. 

“Mas prefiro continuar ainda com o meu único filho. A vida não está fácil. As coisas estão muito caras. O salário já não serve para quase nada e, para piorar, o emprego está difícil. Temos que nos ajeitar com o que ganhamos”, atira.

Na cauda da lista de pais ouvidos pela E&M está Henda Pelinganga, pela ordem de idade, o mais novo dentre os quatro. Henda é eletricista há pouco mais de 5 anos, além de ser, também, ajudante de construção civil.

De 33 anos, Henda é pai de duas filhas. À semelhança dos outros, também desejava ter mais filhos. Mas, como conta à E&M, a conjuntura económica do País obriga-o a acionar o mecanismo de contenção.