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Tempo de lavar alguma da nossa roupa suja

Sebastião Vemba
17/6/2020
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Foto:
Carlos Aguiar

O confinamento tem servido para arrumações internas e lavagem de roupa suja que permitam, por um lado, conter a propagação da doença e, por outro, aligeirar as restrições, quando justificável...

O confinamento social que se vive actualmente em todo mundo, devido à pandemia da Covid-19, tem servido para os governos repensarem algumas das suas políticas, em vários domínios, começando pelo da Saúde, na medida em que a crise sanitária provocada por aquela doença desestabilizou ou pôs em cheque a funcionalidade dos sistemas de saúde dos países. O confinamento tem servido para arrumações internas e lavagem de roupa suja que permitam, por um lado, conter a propagação da doença e, por outro, aligeirar as restrições, quando justificável, para a retoma da economia e da vida social que, em muitos aspectos, deixará de ser como até há alguns meses a conhecíamos.

Enquanto os países se vão reabrindo, novas regras vão sendo implementadas para evitar aglomerações e, assim, reduzir-se as margens de novos contágios. O sector dos transportes, fulcral para a recuperação das economias, é um dos mais visados por essas novas regras, na medida em que representa um ponto de alto risco de contágio, daí que a ocupação dos meios só seja permitida, em muitos casos, até 50%.

Para o caso de Angola, em que, no âmbito da terceira prorrogação do Estado de Emergência, alguns sectores da economia foram autorizados a reabrir, mas com uma força de trabalho presencial reduzida a 50%, acabou por criar-se novos constrangimentos no já sofrível sistema de transportes públicos, pois, tanto esses quanto os privados são autorizados a uma taxa de ocupação de apenas 50%. Em consequência, os privados, especificamente os táxis “azul e branco” - que desempenham um papel fundamental na mobilidade urbana em Luanda - optam por corridas mais curtas, pelo mesmo valor dos percursos mais longos, para compensar a reduzida lotação. Infelizmente, os utentes são obrigados a pagar uma factura mais cara, não só pela duplicação do preço, mas também pelo aumento do tempo de espera nas paragens, o que, a ser devidamente analisado, revelará implicações sérias nos níveis de produtividade dos trabalhadores, cujo horário laboral foi reduzido no âmbito do Estado de Emergência.

Entretanto, face à crise que se vive, e cujos impactos negativos no sector dos transportes no país podem resultar numa perda que ascende os mil milhões de dólares e desaparecimento de cerca de 98 mil postos de trabalho, segundo cálculos provisórios feitos pelo Ministério dos Transportes em Março, poderá haver, também, a oportunidade de “lavar alguma da roupa suja” do sector, de modo a garantir-se a melhoria dos serviços e a sustentabilidade financeira das empresas públicas de transporte, a maior parte delas verdadeiros “mortos-vivos” à espera de um pequeno empurrão para cair na cova.

Para o caso de Angola, em que, no âmbito da terceira prorrogação do Estado de Emergência, alguns sectores da economia foram autorizados a reabrir, mas com uma força de trabalho presencial reduzida a 50%, acabou por criar-se novos constrangimentos no já sofrível sistema de transportes públicos, pois, tanto esses quanto os privados são autorizados a uma taxa de ocupação de apenas 50%.

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