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Uma Luanda fustigada por chuvas e lixo

José Zangui
14/4/2021
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Foto:
Andrade Lino

A cidade de Luanda tornou-se num verdadeiro aterro sanitário, onde o lixo invade vias públicas e residências.

Para piorar a situação, desde finais de Março, chove com frequência e o risco de surtos de doenças endémicas aumentou.

As habituais lixeiras e aumentados de lixo que embelezam os surbúbios de Luanda invadiram os espaços urbanos. Com as chuvas, o lixo é arrastado para as vias públicas e nelas mistura-se com lama e areia ou cobre os buracos nas estradas, dificultando ainda mais o já caótico tráfego luandense e, consequentemente, escasseia os serviços de transporte colectivo. As paragens estão apinhadas de gente, com aparência aborrecida e de preocupação pelas horas que avançam e assistência ao stress dos automobilistas que lutam para escapar ao engarrafamento.

Numa ronda efectuada pela Economia & Mercado na semana passada, moradores desabafaram e protestaram contra o abandono a que foram atirados e exigem medidas urgentes do Governo da Província de Luanda, liderado por Joana Lina.

Em Cacuaco, no Rangel, Cazenga e Talatona, o cenário é desolador. Vias secundárias e terciárias intransitáveis, casebres destruídos. De acordo com o motoqueiro Leonardo Manuel, “a vida está mal em toda Luanda e já não se vive, porque Luanda transformou-se num casamento de lixo e chuva. Estamos a sobreviver”, desabafou.

Em quase toda a extensão da capital, várias casas ficaram, totalmente, inundadas, deixando famílias ao relento, devido à precariedade de algumas habitações, erguidas sobretudo nas zonas de risco.

Segundo os populares, os taxistas deixaram de circular em determinadas rotas, com receio de danificarem as suas viaturas. Outros fazem rotas curtas.

O Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB) confirmou à E&M que, em resultado das chuvas que caíram em Luanda no dia 8 de Abril, quatro pessoas morreram, 1.680 residências ficaram e a registou-se a queda de 48 árvores.

Já em Março, de acordo com o porta-voz do SNPCB, Faustino Minguês, morreram cinco pessoas e desapareceram duas, sendo que 2.770 pessoas ficaram desalojadas.

Entre as mortes, duas registaram-se nos municípios de Luanda e Viana por electrocussão e três por arrasto pelas correntezas das águas em Cacuaco  e Kilamba Kiaxi.

O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros refere que o município mais afectado pelo impacto da chuva, em Março, foi o Cazenga.

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