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Uma zona de livre comércio continental africana a várias velocidades?

Justino Pinto de Andrade
11/6/2020
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Foto:
DR

A Zona de Livre Comércio Continental” terá um potencial de 1,3 mil milhões de consumidores, destacando-se a Nigéria (200 milhões), a Etiópia (112 milhões) e o Egipto (100 milhões).

1. Em Março do ano passado, em Kigali, capital do Ruanda, um vasto número de Chefes de Estado africanos aprovou a criação de uma “Zona de Livre Comércio Continental” que, com os dados actuais, terá um potencial de 1,3 mil milhões de consumidores, destacando-se a Nigéria (200 milhões), a Etiópia (112 milhões) e o Egipto (100 milhões) como os países mais populosos do nosso continente. O crescimento demográfico exponencial que ocorreu no último século faz prever que, dentro de dez anos, o espaço de comércio continental venha praticamente a duplicar, atingindo o potencial de 2,5 mil milhões de consumidores. No presente, cerca de 58% da população africana vive no meio rural, e os restantes 42% vivem nas cidades com uma enorme precariedade, socorrendo-se, sobretudo, de actividades informais.

2. São grandes as diferenças na caracterização das populações da África Subsaariana e da África do Norte. Ao sul do Sahara, mais de 40% da população tem menos de 15 anos, exceptuando a África do Sul. Em muitos desses países, o nível de desnutrição é bastante elevado e a infecção pelo VIH atinge cerca de 11% das pessoas.

3. Dados de 2017 indicam que o comércio intra-africano seja de 17%, contra uma percentagem muito mais expressiva do comércio intra-asiático, e cerca de 70% no espaço europeu.

De acordo com especialistas, o alargamento dos espaços comerciais gera mais-valias. Daí o movimento crescente de processos de integração económica a que se assiste por todo o mundo. Por sua vez, os espaços reduzidos são um obstáculo ao crescimento e ao desenvolvimento, sendo, também, potenciais estimuladores de conflitos.

As experiências vividas têm, porém, mostrado que mesmo os espaços alargados não estão isentos de conflitos e disputas, mas com outras características. O recente conflito do Reino Unido e da União Europeia é disso um claro exemplo.

No continente americano, o Mercosul e a Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) têm gerado uma outra estirpe de conflitos, com disputas internas que, por vezes, os põem em risco.

Mesmo que, de relance, um olhar para as relações comerciais na região da Ásia/Pacífico indicie a ocorrência de um outro tipo de conflitos.

Leia o artigo completo na edição digital da E&M 189, referente ao mês de Junho, já disponível no aplicativo móvel para Android e no site, secção "Assinaturas".