Ruanda, República Democrática do Congo, Tanzânia ou Nigéria reagiram com firmeza perante os ataques em Joanesburgo, Cidade do Cabo e Pretória. Em jogo podem estar agora os interesses económicos sul-africanos na SADC e em todo o continente.
“Todos os dias vivemos com medo”, atira Amir Sheikh ao repórter do jornal inglês “The Guardian”, num bairro de Joanesburgo. Veio da Somália há 16 anos e tem vindo a assistir à crescente onda violenta e mortal de xenofobia que todos os dias varre a África do Sul.
Na primeira semana de Setembro deste ano, o centro de Joanesburgo e outras partes do país, como a Cidade do Cabo, estalaram uma vez mais em violência contra os imigrantes africanos que ali vivem. Segundo o observatório Xenowatch, do Centro Africano para Migração e Sociedade (ACMS, na sigla em inglês), da Universidade de Witwatersrand, esta vaga de violência resultou na morte de 12 pessoas (dez delas eram sul-africanas), 800 deslocados e mais de 50 lojas de migrantes saqueadas ou destruídas. As vitrinas feitas cacos são espelho de um país onde cerca de 2,2 de estrangeiros suspendem a respiração sempre que estala o caos.
As imagens desses dias são elucidativas, mas vivê-las na pele é outra história, de terror. Salahuddin Abdulhilim é do Bangladesh e vive no Sowetto há 9 anos. O supermercado que tem na cidade foi destruído, conta ao “The Guardian”. “Foi muito assustador... Nós corremos. Eles estavam a vir na nossa direcção com barras de ferro e martelos...
Costumávamos ouvir falar sobre um incidente aqui ou ali, mas agora é constante. As pessoas estão a morrer. Está a piorar cada vez mais. Nós somos um alvo e ninguém quer proteger-nos”. Com medo do que pudesse acontecer, escondeu-se na zona de Mayfair, junto com outros imigrantes em fuga das hordas armadas de facas, cocktails molotov, paus epistolas.
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