Com olhar fixo sobre a página 20 do romance “Sua Excelência, de Corpo Presente”, do escritor angolano Pepetela, Rogem Rafael trava no seu subconsciente duas pequenas guerras: os 30 quilómetros a percorrer de regresso a casa e a expectativa em torno do exame de Literatura Angolana a ser feito no dia seguinte numa universidade onde frequenta o primeiro ano do curso de Língua e Literaturas em Língua Portuguesa.
No tecto da sala de leituras da biblioteca – lâmpadas florescentes de fraca luminosidade exigem do leitor maior esforço do globo ocular, enquanto partilha apenas consigo próprio o silêncio ensurdecedor de uma sala vazia.
Em tom baixo, questionámos o bibliotecário pelas razões de uma sala completamente vazia. No mesmo tom, a resposta apontava para uma falta cada vez mais acentuada de interesse por este modelo de leitura. O nosso interlocutor acredita na existência de uma usurpação da tradicional leitura em benefício do digital.
Enquanto procurávamos entender a visão de quem trabalha com livros e acompanha a dinâmica das bibliotecas há mais de dez anos, Rogem Rafael, o leitor solitário, distribuía por nós olhares disfarçados. Durante a conversa, Jorge Amadeu, o bibliotecário, disse à equipa de reportagem da Economia & Mercado que a biblioteca recebe cada vez menos visitas, “salvo alguns estudantes desta universidade”.
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