3
1
PATROCINADO

Chuvas ‘afogam’ ‘boas intenções’ do GPL

Cláudio Gomes
12/1/2024
1
2
Foto:
Isidoro Suka e D.R

As intempéries que assolam o país revelam, anos após anos, as fragilidades e a inexistência de vias de comunicação e infra-estruturas básicas de saneamento funcionais.

Por falta destas infra-estruturas, as benfeitorias das chuvas transformam-se diariamente em perturbações para quem procura o “pão de cada dia” nos bairros da província de Luanda sem margens para progredir ante a avassaladora crise económica e financeira.

Maria Cawele é natural do Cuito, província do Bié. Chegou a Luanda nos anos 90 por causa da guerra e é uma das centenas de moradores que sentem as dificuldades de conviver diariamente com a falta de saneamento básico e de drenagem da rua que liga a Comarca Central de Luanda (CCL) à zona da Nocal e da Cuca, no bairro Nguanhã, distrito do Sambizanga.

“Como o filho pode ver, a rua está cheia de lama e lixo. Não durou nada, mano! Este lixo está a causar doenças, principalmente a crianças. Aqui estão as moscas, os mosquitos, outros bichos e nós. Vamos fazer como então, filho?”, diz.  

Segundo a vendeira de tomates e hortaliças, a quantidade de lama e lixo na via reduziu o fluxo de viaturas e motociclos na via. “Está a ver, às vezes têm de passar por cima dos passeios porque a estrada não está boa. A estrada foi construída há cinco anos. Penso que foi em 2017”, afirma.

Bairro Nguanhã, distrito do Sambizanga

No distrito do Morro dos Veados não é diferente. A falta de estradas nalguns pontos e de drenagem noutros acomete milhares de famílias, inclusive crianças que, em certas ocasiões, deixam de frequentar as aulas quando o chamado ‘Rio Wala’, localizado na zona das Tendas, transborda.

“Não tenho como. Fui pela zona do Matadouro, está muito alagado. Tentei ir pelo 30, também não se passa. Só me restou pôr o carro nesta água. Sim, é constrangedor porque esse carro é eléctrico e podia danificar aqui mesmo”, desabafa Manuel Rosário, nome fictício de um morador da Samba que trabalha como motorista de táxi por aplicativo.

Na sequência da reportagem, os moradores lamentam o facto de a estrada chamada ‘Estrada do Branco’ apresentar debilidades muito antes de completar o tempo de vida útil que vai de oito a 12 anos.

De 15 de Agosto a 5 de Dezembro, trinta e uma mil 200 pessoas foram directamente afectadas pelas consequências das chuvas, de acordo com dados do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, sendo nove mortos, cinco feridos, 64 casas desabadas, 6.175 residências inundadas e 6.240 famílias afectadas.

Leia o artigo completo na edição de Janeiro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

The rainstorms that have ravaged the country for years reveal the weaknesses and lack of functional roads and basic sanitation infrastructures (micro- and macro-drainage). Without them, lives and property in urban and peri-urban areas, especially on cities’ outskirts, are devastated.

Due to the lack of this infrastructure, the benefits of the rains become a daily nuisance for those looking for their "daily bread" in the neighborhoods of Luanda, with no room for progress in the face of the overwhelming economic and financial crisis.

Maria Cawele was born in Cuito, Bié province. She moved to Luanda in the 1990s because of the war and is one of the hundreds of residents who feel the difficulties of living without basic sanitation and drainage in the street that connects the Central Correctional Center of Luanda (CCL) to the Nocal and Cuca areas, in the Nguanhã neighborhood, Hoji-Ya-Henda district, Sambizanga municipality.

"As you can see, the pavement is full of mud and garbage. It didn't last long! This garbage is causing illness, especially among children. There are flies, mosquitoes, other animals and us. What are we going to do now?" she said.  
Bairro Militar, Município do Kilamba Kiaxi

According to the tomato and vegetable seller, the amount of mud and garbage on the road has reduced the flow of vehicles and motorcycles. "You see, sometimes they have to go over the sidewalks because the road isn't good.  The road was built five years ago. I think it was in 2017," he said.

It's no different in the Morro dos Veados district. The lack of roads in some areas and drainage in others has affected thousands of families, including children who sometimes stop going to school when the so-called "Wala River", located in the Tendas area, overflows.

"There is no alternative. I tried the Matadouro area, it's very flooded. I tried the 30 route, and I couldn't pass either. All I could do was put my car in this water. Yes, it's embarrassing because this car is electric and could break down right here," said Manuel Rosário, the fictitious name of a Samba resident who works as an app-based cab driver.

Following the report, the residents lamented the fact that the so-called "Estrada do Branco" road was showing signs of damage long before it had completed its 8- to 12-year lifespan.

From August 15 to December 5, 31,200 people were directly affected by the consequences of the rains, according to figures from the Civil Protection and Fire Service, with nine dead, five injured, 64 collapsed houses, 6,175 flooded homes and 6,240 families affected.

Read the full article in the January issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).