O conflito entre humanos e animais selvagens e o envenenamento em parques estão na base da diminuição em 45% em quase 20 anos da população de leões no Uganda, informou o ministro do Turismo e da Vida Selvagem, Tom Butime.

Referiu que o número de leões no país caiu de um pico de 493 em 2014 para 275 no ano passado, não obstante se ter congratulado com o aumento de outras espécies, como os gorilas, que passaram de 302 no início dos anos 2000 para 459 em 2022.

Na apresentação de um relatório sobre o turismo no país, conhecido por albergar uma das maiores biodiversidades do mundo, Tom Butime descreveu, citado pela Lusa, que os leões registaram um “declínio acentuado” devido a represálias mortais resultantes de conflitos entre humanos e animais selvagens. 

A maioria dos leões (224) no Uganda encontra-se no parque de Murchison Falls e 39 permanecem no parque Queen Elizabeth, onde estes animais são conhecidos pela sua invulgar capacidade de trepar às árvores.

Nos últimos anos, foram registados no país numerosos casos de envenenamento em parques (nove em 2022, seis em 2021 e 11 em 2018).

Os inquéritos raramente identificaram os autores e poucas foram as acções penais bem-sucedidas. Estas práticas de envenenamento são, por vezes, feitas por agricultores, em resposta a ataques ao seu gado, mas algumas estão também relacionadas com a caça furtiva.

Em 2021, refere a agência portuguesa, a detenção de quatro caçadores furtivos levou à descoberta de cabeças e membros decapitados de quatro leões, bem como de frascos de veneno, lanças, uma catana e uma rede de caça.

Num relatório de 2023, as autoridades do Uganda já tinham alertado para as ameaças aos leões e chimpanzés no país, que, por outro lado, viram a sua população de elefantes quase quadruplicar (para 7.975) nas últimas quatro décadas.

No mesmo período, o número de girafas sextuplicou (para 2.072) e o de búfalos quase duplicou (para mais de 44.000).

Os parques nacionais são um dos pilares do turismo no Uganda.

O sector do turismo contribuiu com 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de acordo com dados do Ministério das Finanças do país da África Oriental.