Em 2020 a UNESCO elaborou um mapeamento profundo do estado da indústria cinematográfica e do audiovisual em 54 países africanos, analisando as fraquezas e oportunidades do sector. O relatório “A Indústria de Cinema em África: Tendências, Desafios e Oportunidades para Crescimento”, concluiu que, actualmente, a indústria criativa africana emprega 5 milhões de pessoas no continente e gera uma receita anual de 5 mil milhões de dólares americanos, muito aquém dos 20 milhões de empregos e 20 mil milhões de dólares que poderá gerar se explorada de forma eficiente.

Para a MultiChoice Africa, é inegável a importância de construir e fortalecer as indústrias criativas africanas, e foi com base nesta premissa que lançou a iniciativa de responsabilidade social MultiChoice Talent Factory (MTF). Criada em 2018 enquanto iniciativa pan-africana, a MTF serve de plataforma para jovens profissionais das indústrias criativas africanas adquirirem competências teóricas e prácticas, em três eixos: as Academias (instaladas em 4 países, África do Sul, Nigéria, Zâmbia e Quénia), as Masterclasses, facilitadas por profissionais de excelência no continente e, ainda, um portal Pan-Africano, que serve de plataforma de networking para os profissionais. Desde o seu lançamento em Angola, a MTF formou 5 jovens cineastas e proporcionou Masterclasses a mais de 300 estudantes e profissionais da indústria audiovisual nacional. Nomes como Paulo Idalécio, Adriano Dizongo, Emanuel Gonçalves, Leandro Lima e David Sapalo, todos a desenvolverem trabalho focado na produção audiovisual, já estão a dar a sua contribuição no sector.

E o impacto que a MTF tem na vida de todos os beneficiários é muito visível. Paulo Idalécio, sempre foi apaixonado por cinema e após algumas formações, em Angola e no Brasil, decidiu candidatar-se à academia da MTF da Zâmbia em 2019. Para ele “a formação foi muito exigente, mas cresci e aprendi muito com professores de África, Europa e América. Para além disso, poder partilhar histórias com os meus colegas de outros países e poder participar no set de produções a decorrerem na Zâmbia, num espaço tão curto, mudou completamente a minha forma de trabalhar e pensar em produção”. Três anos após esta imersão, Paulo afirma que “com a experiência que temos nesta formação, estamos preparados para enfrentar as dificuldades reais, de países emergentes como o nosso. Aconselho vivamente e creio que é, de facto, única pela adaptação e capacitação que traz, sem falar nas parcerias com instituições de renome, como a New York Film Academy, que dão uma exposição uma exposição internacional muito maior”.

Hoje, o formando da MTF é realizador, roteirista e criador da série “Njila”, do canal Kwenda Magic, que estreia em Julho a 2ª temporada. Filmada no bairro Cazenga, a série representa e mostra a cultura angolana, focando nos contrastes sociais do país. O seu sucesso foi reconhecido além-fronteiras, tendo sido nomeada para os prestigiados prémios nigerianos Africa Magic Viewers Choice Awards como melhor série do ano.

Lançado em 2022, o Kwenda Magic, canal da DStv Angola criado exclusivamente para o mercado nacional, tem demonstrado o impacto do investimento na produção de conteúdos no crescimento das indústrias criativas em Angola. Em apenas um ano, o canal conta já com a produção de duas telenovelas 100% nacionais, “O Rio” e “Mahinga”, e duas séries, “Guest House” e “Njila”, produzidas em parceria com produtoras locais e geridas por empreendedores angolanos, que criaram mais de 370 postos de trabalho directos e cerca de 3500 indirectos.

Segundo João Ribeiro, director do canal, a plataforma ocupa uma posição única e pretende “continuar a investir de forma gradual, mas sustentável, na produção de ficção porque é notório que os angolanos gostam de ver as suas histórias. Hoje, o Kwenda Magic está no top dos canais mais vistos da plataforma e os conteúdos nacionais têm uma audiência muito forte. Não se trata apenas de produzir conteúdos, já que o compromisso da empresa é apoiar os talentos locais e fornecer conteúdos diversos, beneficiando não apenas a economia, uma vez que os empreendedores entram na economia formal, contribuindo para o aumento da base tributária e para a diversificação económica, mas permitindo também exportar a marca Angola”, termina João.

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POTENTIAL OF THE AFRICAN CREATIVE INDUSTRY AND KWENDA MAGIC

In 2020 UNESCO conducted an in-depth mapping of the state of the film and audiovisual industry in 54 African countries and reviewed the sector’s weaknesses and opportunities. The report, titled “The Film Industry in Africa: Trends, Challenges and Opportunities for Growth,” concluded that the African creative industry currently employs 5 million people on the continent and generates annual revenues of $5 billion, far short of the 20 million jobs and $20 billion it could generate if exploited efficiently.

For MultiChoice Africa, the importance of building and strengthening Africa’s creative industries is undeniable, therefore, based on this premise, launched the MultiChoice Talent Factory (MTF), its social responsibility initiative. Created in 2018 as a Pan-African initiative, MTF serves as a platform for young professionals in the African creative industries to acquire theoretical and practical skills using four platforms: the Academies (installed in 4 countries, South Africa, Nigeria, Zambia and Kenya), Masterclasses, facilitated by professionals of excellence on the continent, and also a Pan-African portal, which serves as a networking platform for professionals. Since its launch in Angola, MTF has trained 5 young filmmakers and provided Masterclasses to over 300 students and professionals from the national audiovisual industry. Audiovisual producers Paulo Idalécio, Adriano Dizongo, Emanuel Gonçalves, Leandro Lima, and David Sapalo are already making contributions to the industry.

The impact that MTF has on the lives of all the beneficiaries is very visible. After training in Angola and Brazil, and practical experience at TPA and Semba Produções, Paulo Idalécio, student of the Zambia Academy Class of 2020, decided to apply to the MTF academy. “The training was very demanding, but I grew and learned a lot from teachers from Africa, Europe, and America. Furthermore, being able to share stories with my colleagues from other countries and work on the set of productions, in such a short period of time, completely changed my way of working and thinking about production”, he says. Three years after this immersion, Paulo states that “with the knowledge acquired in this training we are prepared to face the real difficulties of emerging countries like ours. I highly recommend it, and I believe it is indeed unique for the adaptation and empowerment it brings, not to mention the partnerships with renowned institutions, such as the New York Film Academy, which provide greater international exposure”.

Currently, Paulo Idalécio is the director, as a screenwriter and creator of the Kwenda Magic channel series “Njila,” which is already going into its 2nd season. Filmed in the Cazenga neighborhood, the series represents and shows the Angolan culture beyond borders. It has been nominated for the prestigious Nigerian Africa Magic Viewers Choice Awards as best series of the year.

Launched in 2022, Kwenda Magic, DStv Angola’s channel created exclusively for the national market, has demonstrated how investment in content production can strengthen the sector in the country. In partnership with local production companies, managed by Angolan entrepreneurs, it has already produced two 100% national soap operas, “O Rio” and “Mahinga”, and two series, “Guest House” and “Njila”, which created more than 370 direct jobs and over 3500 indirect jobs.

According to the channel director, João Ribeiro, the platform occupies a unique position and intends to “continue to invest gradually, but sustainably, in the production of fiction content because it is clear that Angolans like their stories. Today, Kwenda Magic is already at the top of the most watched channels of the platform and national content has a very strong audience. The company’s commitment to supporting local talent and providing diverse content benefits not only the economy, since entrepreneurs become part of the formal economy and contribute to the increase in the tax base and economic diversification, but also allows us to take our habits and customs across borders,” concludes.

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