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Um passo rumo à pacificação de uma região conturbada

Celso Chambisso e Pedro Fernandes
18/12/2019
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Foto:
D.R., ISTOCKPHOTO

Com apenas ano e meio no Governo, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, deu passos importantes na resolução de conflitos na vizinha Eritreia acabando por merecer o Prémio Nobel da Paz.

A imagem da Etiópia está muito associada à pobreza extrema e a guerras étnicas que perpetuam o espectro da miséria. Por muito tempo, o que mais se “vendeu” daquele país da África Oriental foi a imagem de um lugar que as pessoas nunca escolheriam para viver, e onde onde os maiores árbitro de conflitos do mundo sempre tiveram dificuldades em pôr fim aos jogos sangrentos pelo poder.

Mas, recentemente, uma intervenção acabou por merecer uma das mais prestigiantes distinções – o Prémio Nobel da Paz.

Em linhas gerais, o primeiro-ministro Abiy Ahmed Ali foi galardoado “pelos seus esforços em prol da paz e da cooperação internacional, em particular pela sua iniciativa decisiva de resolver o conflito fronteiriço com a vizinha Eritreia”, indicou o presidente do Comité Nobel, Berit Teiss-Andersen.

Filho de mãe cristã e pai muçulmano, Abiy Ahmed chegou ao poder em Fevereiro de 2018, após a demissão de Hailemariam Desalegn, no contexto de uma profunda crise política. Tornou-se no líder mais jovem de África (hoje com 43 anos).

Chegado ao poder, tentou conter os confrontos, libertou centenas de presos políticos, retirou o estado de emergência, nomeou um Governo paritário e permitiu o da oposição que se tinham exilado, além de ter assinado acordos de paz com a vizinha Eritreia a 9 de Julho de 2018 (com apenas três meses no trono).


A fricção entre vizinhos era quase cinquentenária. A Eritreia, que lutava pela independência desde 1961, só conseguiu a libertação em 1993, levando a que a Etiópia perdesse a sua única faixa marítima (sobre o Mar Vermelho). Entre 1998 e 2000, os dois vizinhos travaram uma guerra que provocou pelo menos 80 mil mortos, com a questão da delimitação da fronteira afigurar entre as razões do conflito.

Desde então, os dois países mantinham numerosas forças ao longo da fronteira comum, de mil quilómetros, apesar de terem assinado em 2000 um acordo de paz em Argel, que nunca foi implementado. O clima entre os dois países foi sempre bastante instável. Não havia guerra aberta, mas também nunca houve paz.

Leia mais na edição de Dezembro de 2019

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