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Feito em Angola: estão lançadas as sementes

Sebastião Vemba
19/10/2018
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Foto:
DR

Angola continua a despender recursos financeiros avultados para adquirir no exterior bens que o país pode produzir. As sementes para a produção nacional já estão lançadas.

Em 2015, Angola gastou mais de 6 mil milhões de dólares na importação de produtos dos sectores da agro-indústria, pesca e outras indústrias, avalia o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), que estima que “por cada bilhão de dólares despendidos actualmente em importação, seja suficiente investir 200 milhões de dólares para criar o tecido empresarial nacional capaz de suprir essas mesmas necessidades com produção local”.

Essa avaliação está reflectida na descrição feita pelo escritor angolano Manuel Rui num artigo sobre a produção nacional, publicado há um ano no “Jornal de Angola”.

Para o autor de “Quem Me Dera Ser Onda”, não conseguimos “aproveitar o que tínhamos de sobra, uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, comparados com países desérticos que domesticaram os cursos de água, fazem energia e produzem alimentos e bens industriais”, sendo que “hoje, fica claro ter havido gente que descobriu o enriquecimento com causa mais impura. Porque ainda hoje se importa feijão enlatado, óleo de palma enlatado e já se importou fuba!”, escreveu. Para Manuel Rui, “importar é enriquecer mais os ricos donos das vendas e empobrecer os mais pobres compradores do importado”.

Entretanto, o alerta sobre a necessidade de diversificação da produção nacional para reduzir a dependência dos recursos do petróleo, é antigo. Nos últimos seis anos, não faltaram programas, como o Angola Investe, no qual foram investidos recursos, porém, a crise económica no país, em consequência da baixa do preço do crude no mercado internacional, veio mostrar que a economia quase não de diversificou.

“A forte dependência da economia nacional face ao sector petrolífero é a principal característica do actual desequilíbrio da sua estrutura, sendo o desequilíbrio estrutural mais acentuado no sector das relações económicas externas, nomeadamente nas importações e nas exportações, e no sector fiscal, nomeadamente na arrecadação tributária”, admite o Executivo através do PRODESI, e refere que “esta situação, aliada à falta de um ambiente de negócios adequado à atracção de investimentos privados, bem como à falta de infra-estruturas capazes de reduzir os altos custos de contexto da actividade produtiva, não permitiram que o crescimento conseguido nos últimos anos, após o fim da guerra, se processasse de forma robusta e sustentada”.

O documento acrescenta ainda que “as experiências de diversos países demonstram que o desenvolvimento sustentado e robusto dos sectores da economia deve ser pensado numa lógica de promoção de concentrações geográficas ou sectoriais de empresas inter-relacionadas, bem como de fornecedores, prestadores de serviços e instituições associadas, especializadas num âmbito específico”, ou seja, os chamados clusters “que constituam âncoras que dinamizem o adensamento e o alongamento das fileiras produtivas da economia”, funcionando como “um ecossistema para o fomento da inovação e de novos negócios” e potenciando “sinergias tecnológicas e o aproveitamento de infra-estruturas partilhadas”, o que permite a criação de “massa crítica para atrair clientes e recursos humanos”.

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