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Fraco investimento na mecanização agrícola retarda sustentabilidade alimentar

André Samuel
8/2/2024
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Foto:
ISTOCKPHOTO

Após duas de décadas de paz efectiva e uma década e meia perseguir a diversificação económica, talvez a produção agrícola seja insuficiente para garantir a segurança e a sustentabilidade alimentar.

A conjuntura internacional, marcada por um quadro critico a nível político, económico e pandémico, bem como o actual quadro macroeconómico nacional reforçam a necessidade do Governos em redobrar esforços, para o aumento da produção de alimentos, visando a redução das importações.

Perante o quadro, o ministro da Agricultura e Floresta, António Assis, reconhece que o investimento na agricultura, pecuária e nas florestas “é urgente e irreversível”.

“Todos os esforços e iniciativas, para o aumento de conhecimento dos produtores, disponibilidade de factores de produção, acesso ao crédito e apoio a comercialização, que se vêm aprimorando a cada ano que passa, são acções que se reflete de forma positiva nos resultados de produção que vimos alcançando” avançou o ministro durante o balanço da actividade do sector.

Agricultura cresce sem se desenvolver

O ano agrícola, 2022/2023, foi caracterizado com níveis de produção na ordem das 25 milhões de toneladas, e com um crescimento global de 6,6% face ao ano anterior.

Resultado “satisfatório” na visão de António Assis, e que “animam” a trabalhar cada vez mais, para que alcançar as metas desejadas, cientes de que estão “no bom caminho”.

Visão pouco aceite por especialistas que entendem que após quase meio seculo de independencia, duas de décadas de paz efectiva e uma década e meia perseguir a diversificação económica, a produção agricola seja insuficiente para garantir a segurança e a sustentabilidade alimentar.

Para o gestor de agronegócio, Arlindo Pascol, que descredibiliza os resultados por falta de estatísticas fiáveis, bem como pela fraca prestação de contas das empresas do sector, a produção efetiva está acima do reportado, mas ainda assim é “insatisfatória” para a cobertura das necessidades do País.

“Angola tem enormes potenciais agrícolas, mas precisa transformá-los em activos agrícolas. Para tal precisa de investimentos, não apenas do Estado, mas e acima de tudo de privados. As instituições multilaterais estão disponíveis para apoiar empresas demonstrem idoneidade”.

Faz saber que Angola precisa aumentar exponencialmente a produção para cobrir as necessidades internas e reforçar a exportação. Para o efeito precisa investir na mecanização da força produtiva, pois a agricultura familiar nos actuais moldes apenas cobre 20% da área de produção existente no País.

“Angola explora apenas 17% das terras aráveis. Dos 6 milhões de hectares de áreas produzidas, a agricultura familiar, sem mecanização, foi responsável por 91,3% da área semeada. E das 25 milhões de toneladas produzidas durante a campanha, ela responde por 82%. Está claro que, sem o envolvimento da mecanização e sem a participação dos grandes empresários, não se alcançará a produção desejada” atenta

Em concordância, o engenheiro agrónomo considera que os aumentos verificados “estão longe de satisfazer” as necessidades do país. Justifica apontando para os gastos com importações de alimentos, que continuam a rondar os três mil milhões de dólares americanos.

Leia o artigo completo na edição de Fevereiro, já disponível no aplicativo E&M para Android e em login (appeconomiaemercado.com).

Poor investment in agricultural mechanization slows down food sustainability

After almost half a century of independence, two decades of peace and a decade and a half of pursuing economic diversification, agricultural production is insufficient to guarantee food security and sustainability.

The international landscape, marked by a critical political, economic and pandemic situation, as well as the current national macroeconomic situation, reinforce the government's need to increase its efforts to boost food production and reduce imports.

Given this situation, the Minister of Agriculture and Forestry, António Assis, admits that investment in agriculture, livestock and forests "is urgent and irreversible".

"All the efforts and initiatives to increase the knowledge of producers, the availability of inputs, access to credit and support for marketing, which have been improving with each passing year, have positively contributed to the production results we have achieved," said the minister during his assessment of the sector's activities.

Agriculture grows without developing

The 2022/2023 agricultural year saw production levels of around 25 million tons, with overall growth of 6.6% compared to the previous year.

In António Assis' view, this is a "satisfactory" result and one that "encourages" them to work harder to achieve the desired goals. He is convinced they are "on the right track".

This view is not shared by experts who believe that after almost half a century of independence, two decades of peace and a decade and a half of pursuing economic diversification, agricultural production is insufficient to guarantee food security and sustainability.

For agribusiness manager Arlindo Pascol, who challenges the results due to the lack of reliable statistics and the poor accountability of companies in the sector, actual production is higher than reported, but it is still "not enough" to meet the country's needs.

"Angola has enormous agricultural potential, but it needs to turn it into agricultural assets. To do this it needs investment, not just from the government, but above all from private investors. Multilateral institutions are available to support companies that demonstrate suitability."

He added that Angola needs to increase production exponentially to cover domestic needs and boost exports. To achieve this, the country needs to invest in mechanizing the means of production, because family farming, in its current form, only covers 20% of the country's existing production area.

"Angola only exploits 17% of its arable land. Of the 6 million hectares of land used for production, family farming, without mechanization, was responsible for 91.3% of the area sown, in addition to accounting for 82% of the 25 million tons produced during the agricultural year. It's clear that without the involvement of mechanization and the participation of big businesspeople, the desired production won't be achieved," he says.

Accordingly, the agronomist believes that recorded increases "are far from meeting" the country's needs. He justifies this with the cost of food imports, which still stands at around three billion US dollars.

Read the full article in the February issue, now available on the E&M app for Android and at login (appeconomiaemercado.com).