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Fora dos trilhos da integração e do ajustamento social

Sebastião Vemba
19/10/2018
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Foto:
DR

Chama-se “Plano Estratégico Nacional de Acessibilidades, Mobilidade e Transportes” (TENAMT), está concluído desde 2012 e o pouco que se sabe dele foi divulgado naquele ano.

Terá cinco redes modais, entre as quais duas ferroviárias e uma nacional de logística. Mas esse é apenas um futuro sonhado para os transportes no país, e em particular em Luanda, onde, segundo especialistas, as infra-estruturas de transportes continuam integradas umas nas outras e sem um devido ajustamento às características sociais e demográficas da cidade.

No seu discurso de abertura do “Seminário Sobre Transportes Ferroviários em Angola”, realizado na Huíla, em 2014, o ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, colocou à audiência a seguinte questão: “As redes e os transportes encontram-se capacitados para responder aos desafios da evolução da economia nacional e, desejavelmente, até, para actuarem, eles próprios, como um elemento motor do crescimento económico e do progresso social?”. Mais à frente, o responsável aventou ainda a possibilidade de, “dada a compreensível rigidez das alterações infra-estruturais, a dimensão dos projectos a realizar, os elevados custos do investimento que lhe são subjacentes e as eventuais indecisões e hesitações no caminho a seguir”, ser “o próprio sector a actuar como um factor de constrangimento do crescimento e do desenvolvimento”. Augusto Tomás rejeitou “linearmente” a possibilidade, pois, para si, Angola só tem uma opção: “É seguir em frente, prospectando os melhores caminhos”. Entretanto, nem por isso os caminhos até aqui seguidos têm sido os melhores.

Os maiores problemas de transportes e mobilidade urbana no país registam-se em Luanda, “que é a segunda menor província de Angola em termos de extensão territorial e, em contrapartida, a mais populosa”, afirma Fiston António João na sua dissertação de mestrado, intitulada “Acessibilidade e Mobilidade na Cidade de Luanda em Situação de Escassez de Informação – Pistas para Intervenções”, onde recorda que “o elevado crescimento demográfico rompeu com a estrutura do seu plano urbanístico, o que facilitou o surgimento de construções periféricas” e, “face a esta realidade, o Governo angolano, através dos seus Órgãos competentes, tem revelado preocupações relativas ao problema, pelo que vem realizando algumas intervenções na cidade de Luanda e periferias, mas sem atingir grandes resultados práticos”.

Segundo Fiston António João, de uma forma geral, a “falta de investimento adequado no sistema de transportes de Luanda compromete a qualidade e a intermodalidade de todas as redes de transportes”, sendo que “o transporte rodoviário (mais dinâmico e dominante) apresenta estradas em estado de degradação e isso compromete a segurança e mobilidade dos transportes”, levando assim os utentes a perderem “muito tempo no percurso devido ao congestionamento e ao período de espera entre autocarros”.

Leia mais na edição de Março de 2018.

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