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Uma banca mais digital a reboque da Covid-19

Sebastião Vemba
11/11/2020
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Foto:
Carlos Aguiar e Arquivo

Antes da Covid-19, já era prioritário investir na digitalização das economias e, por consequência, das sociedades, mas esse processo ganhou velocidade devido às medidas de distanciamento social.

Em Angola, apesar das condições infra-estruturais adversas, esse processo dá passos significativos, embora ainda seja pouco inclusivo.

A pandemia da Covid-19 acelerou a digitalização dos serviços financeiros e, por arrasto, de outros sectores económicos e sociais, mas nem por isso terá impulsionado, à mesma velocidade, a inclusão financeira, sendo que, em alguns contextos, como consequência da exiguidade de infra-estruturas em sectores auxiliares, terá impedido a expansão dos serviços financeiros.

No mais recente relatório sobre inclusão financeira no país (“Prática Global de Finanças, Competitividade e Inovação – Fortalecendo a Capacidade e a Inclusão Financeira em Angola”), desenvolvido pelo Banco Nacional de Angola em parceria com o Grupo Banco Mundial, o regulador financeiro reconhece que “as consequências económicas da pandemia poderão ter um impacto de forma significativa e adversa às populações pobres e vulneráveis, agravando ainda mais a profunda desigualdade, objecto da intervenção do governo angolano”, sendo que “o fraco acesso ao sector financeiro pode amplificar este choque”.

No inquérito lançado em Julho deste ano lê-se, entretanto, que “pouco antes do surto da COVID-19, aproximadamente 49% dos adultos angolanos inquiridos reportaram ter acesso a uma conta bancária, uma métrica habitualmente usada para comparação internacional. Quando comparada com outros países em desenvolvimento da África Subsaariana (ASS), Angola tem um nível relativamente alto de inclusão financeira na maioria dos indicadores, embora o país se encontre mais atrasado em relação a outras economias de renda média-baixa”.

Em recente entrevista ao “Relatório Banca em Análise”, da Deloitte, o governador do BNA, José de Lima Massano, afirmou que o banco central “continua a desenvolver e implementar medidas para tornar o sistema financeiro mais acessível a toda a população, estando a trabalhar também com o apoio do Banco Mundial nesse domínio”. Acrescentou que “o esforço do Executivo na formalização do mercado informal também concorre para a maior bancarização da população” e destacou o papel do

Laboratório de Inovação do Sistema de Pagamentos (LISPA), criado pelo BNA, com vista à promoção da inovação de serviços financeiros para impulsionar a inclusão financeira e a preparação para a implementação de um Sistema de Transferências Móveis e Instantâneas (STMI), que estará acessível a toda a população (Mobile Money).

Sobre este assunto, o presidente da Comissão Executiva da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), José Gualberto Matos, em entrevista ao mesmo relatório, concordou que “a inclusão financeira em países com bancarização reduzida, nomeadamente nos países subsaarianos, precisa do contributo de serviços de pagamentos baseados na moeda electrónica (Mobile Money), que não são uma vocação dos bancos tradicionais, mas sim de prestadores de serviços de pagamentos baseados nos operadores de comunicações móveis. Como operador interbancário, a EMIS está pronta a contribuir como facilitador da interoperabilidade entre sistemas e instrumentos de pagamentos”, garantiu, tendo manifestado preocupação sobre o impacto da pandemia na já “bastante frágil” economia nacional. “Para o sistema financeiro, essa desaceleração é traduzida na redução do volume monetário e, por efeito de contágio, na fragilização do tecido empresarial e no empobrecimento das famílias”.

A more digital banking system thanks to Covid-19

Before Covid-19, investing in the digitalization of economies and, consequently, of societies, was already a priority, but this process gained momentum due to the social distancing imposed to stop the pandemic. In Angola, despite challenging infrastructural conditions, this process is taking significant steps, though it is still not very inclusive.

Covid-19 has accelerated the digitalization of financial services and, by extension, of other economic and social sectors. However, it did not boost financial inclusion at the same speed, and in some contexts, due to scarce infrastructures in auxiliary sectors, it has prevented the expansion of financial services.

In the most recent report on local financial inclusion (“Global Practice of Finance, Competitiveness and Innovation - Strengthening Financial Capacity and Inclusion in Angola”), developed by the Angola Central Bank (BNA) in partnership with the World Bank Group, the financial regulator recognizes that “the economic consequences of the pandemic may have a significant and adverse impact on poor and vulnerable populations, further aggravating the deep inequality, which is the object of the Angolan government’s intervention”, and that “weak access to the financial sector may amplify this shock”.

The survey launched last July reads, “prior the Covid-19 outbreak, nearly 49% of Angolan adults interviewed reported having a bank account, a metric commonly used for international comparison. When compared to other developing countries in Sub-Saharan Africa (SSA), Angola has a relatively high level of financial inclusion in most indicators, though the country lags behind other lower-middle income economies”.

In a recent interview with Deloitte’s “Banking Review Report”, BNA Governor José de Lima Massano said that the institution “continues to develop and implement measures to make the financial system more accessible to the entire population, in an effort supported by the World Bank. He added that “the Executive’s effort to formalize the informal market also contributes to the greater banking inclusion of the population” and highlighted the role of the Payment System Innovation Laboratory (LISPA), created by the BNA to promote innovation in financial services to boost inclusion and prepare for the implementation of a Mobile and Instantaneous Transfer System (STMI), which will be accessible to the entire population (Mobile Money).

On this subject, the president of the Executive Committee of the Interbank Services Company (EMIS), José Gualberto Matos, in an interview to the same report, agreed that “financial inclusion in countries with reduced banking, particularly in sub-Saharan countries, needs the contribution of payment services based on electronic money (Mobile Money), which are not a vocation of traditional banks, but rather of payment service providers based on mobile communications operators. As an interbank operator, EMIS is ready to contribute as a facilitator of interoperability between payment systems and instruments,” he said, expressing concern about the impact of the pandemic on the already “rather fragile” national economy. “For the financial system, this deceleration is translated into the reduction of monetary volume and, by contagion effect, the weakening of the business fabric and the impoverishment of families”.